26 Julho 2021
Manifesto da Coalizão Evangélica, divulgado no dia 22 de julho e assinado por 37 entidades religiosas, clama, em nome da vida e de Jesus, “fora Bolsonaro”.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
“Acreditamos que Bolsonaro veio para roubar, matar e destruir e, por isso, lutaremos com todas as nossas forças para que nossa democracia se amplie e se torne um regime político capaz de implementar a sociedade prevista na Carta Magna da Nação”, expressa o manifesto.
Bolsonaro, diz o texto, governa “à base de mentiras” e manipula o discurso do Evangelho. Ele “cria uma religiosidade mentirosa que nada tem a ver com o verdadeiro Evangelho, causando perversão e idolatria cega, além de uma ignorância negacionista, tanto da ciência como dos ensinamentos libertadores e verdadeiros de Jesus Cristo”. Jesus destacou a valorização da vida. Ele curou enfermos, multiplicou pães e peixes, deu vida e dignidade às pessoas, também aos excluídos e condenados pela sociedade. “Na contramão disso tudo vemos o (des)governo do presidente Jair Bolsonaro como um agir maligno, que já permitiu a morte desnecessária de mais de meio milhão de irmãos e irmãs de nosso querido Brasil”.
Diante de tal descalabro e como evangélicos, “não podemos continuar calados mediante um presidente que opera em favor do ‘matar, roubar e destruir’. As vidas dos brasileiros, principalmente dos negros, das mulheres, dos LGBTQIA+ e dos favelados estão sendo roubados todos os dias pela indignidade da fome, mortas pela Covid-19 ou destruídas pelo caos social”.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o pastor Ariovaldo Ramos, presbítero da Comunidade Cristã Reformada em São Paulo, apontou que evangélicos iniciam o abandono do barco bolsonarista. “Com o negacionismo, as mortes começaram a se alastrar entre as comunidades evangélicas e as pessoas passaram a se perguntar: ‘Por que aconteceu comigo, com o pastor, com o meu tio? Nós não tivemos fé?’ Então precisamos dizer às pessoas que não tem nada a ver com fé, tem a ver com descuido, irresponsabilidade, pandemia, contaminação”, arrolou o pastor.
Ariovaldo avalia que a proporção de evangélicos mortos pela covid-19 – entre 25% e 30% da população brasileira – é grande. “Muitos pastores cooperaram com o negacionismo de Bolsonaro. As pessoas o apoiaram na prática, foram a movimentos, cultos, encontros. Mas então começaram a ser assaltadas pela realidade”, afirma. “Bolsonaro não tem ideia do que seu negacionismo causou na base da fé cristã, dos protestantes, o que deve ter acontecido (também) com católicos e espíritas”, agregou.
Entre as entidades que assinam o documento estão a Aliança de Batistas do Brasil (ABB), Aliança de Negras e Negros Evangélicos do Brasil, Cristãos contra o Fascismo, Evangélicas pela Igualdade de Gênero, Movimento Negro Evangélico, Paz e Esperança Brasil, Rede Fale, Igreja Batista do Caminho.
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Evangélicos começam a abandonar o barco bolsonarista - Instituto Humanitas Unisinos - IHU