24 Julho 2020
“Eu considero o processo de reformas da Igreja como essencial”, insiste Dom Heiner Wilmer.
Sobre a ordenação de mulheres e a abolição da obrigatoriedade do celibato: “Sou a favor de um debate franco”.
A reportagem é de Mada Jurado, publicada por Novena, 22-07-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Heiner Wilmer, de 59 anos e bispo da Diocese de Hildesheim desde 2018, concedeu entrevista, em 29 de junho, ao jornal Rheinische Post, de Düsseldorf. Nela, o religioso, que há anos defende algumas mudanças na Igreja, renovou o seu pedido por um debate franco sobre como revigorar a instituição católica. Nas discussões sobre as reformas, nada deve ficar de fora, segundo Wilmer, inclusive a ordenação das mulheres e a abolição do celibato sacerdotal compulsório.
“Sou a favor de um debate franco e, pessoalmente, confio no Espírito Santo”, explica o bispo.
“As pessoas, não as instituições, devem estar no centro das reformas”
Quanto às reformas que precisam ser feitas, além daquela para os padres casados e da ordenação feminina, Dom Heiner Wilmer assinala três em particular: a formação presbiteral, o ministério presbiteral e o financiamento religioso.
Em cada uma dessas áreas, explicou o bispo, “as pessoas, não as instituições, devem estar no centro das reformas”. Isso e a crença de que a missão da Igreja é “estar com o povo e garantir que a frieza crescente em nossa sociedade se transforme em calor humano”, disse Wilmer.
Uma formação mais realista dos seminaristas, pastores que não trabalhem em tempo integral e padres operários, além da possível revisão do “imposto religioso” alemão
Na questão da formação dos futuros padres – assunto atualmente acirrado na Igreja alemã depois que os bispos apresentaram um polêmico documento de trabalho, no último 23 de junho, sobre a reforma dos seminários –, Wilmer destacou que “a formação dos padres deve se ancorar nos horizontes de experiência das pessoas, para que ela não se afaste da vida e acabe fechada sobre si mesma”.
Como forma de garantir experiências ministeriais mais realistas entre os seminaristas, o bispo sugere, por exemplo, que esta formação tenha, desde o início, contato com os agentes paroquiais leigos.
Na questão do ministério sacerdotal, Wilmer afirmou que a Igreja inteira iria se enriquecer se “tivermos padres novamente no futuro que não são pastores em tempo integral”.
Os padres, disse o bispo trazendo mais um exemplo, como os padres operários das décadas de 1940 e 1950 na França, que trabalhavam em fábricas e portos, e assim por diante, mostravam solidariedade para com a força de trabalho.
Por fim, o bispo manifestou sua opinião sobre o sistema alemão de financiamento da Igreja, que mostrou a sua utilidade nesta segunda-feira, 20 de julho, quando os bispos do país informaram o recebimento de 6,76 bilhões de euros como repasse do “imposto religioso” referente a 2019, 112 milhões acima (ou 1,8%) dos 6,64 bilhões de euros coletados em 2018.
Referindo-se a estes números, o bispo de Hildesheim disse que “o sistema alemão, com este imposto religioso, é muito confiável e permite que as igrejas, no país, cumpram bem a sua missão junto ao povo e à sociedade”.
Além desse elogio ao sistema alemão, Wilmer também manifestou um apreço pelo sistema de financiamento religioso italiano: o chamado “8 por mil”, em que as doações de impostos são voluntárias – diferentemente do que ocorre na Alemanha – e podem também ser direcionadas ao Estado, para fins sociais e humanitários.
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Bispo alemão insiste: o processo de reformas da Igreja é essencial - Instituto Humanitas Unisinos - IHU