Crise do coronavírus. Uma oportunidade para “reconstruir uma Igreja que se tornou obstáculo para a evangelização”

Foto: Cristian Gennari | KNA

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26 Mai 2020

O teólogo alemão Christian Bauer convida a “passar de um marco clerical para um sinodal”. O pastoralista alemão de do Caminho Sinodal uma mensagem de “confissão da fé” para o mundo pós-pandemia. Paradoxalmente, da crise imposta pela pandemia, surge a oportunidade de construir um mundo novo.

“Nesta crise do coronavírus, nada serve menos ao Evangelho que uma Igreja cuja forma exterior representa um antitestemunho permanente”, afirmou Bauer em artigo.

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 25-05-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

A crise do coronavírus poderia marcar “um ponto de inflexão para a Igreja”, especialmente nos cantos do mundo, como Alemanha ou a Amazônia, imersos em processos sinodais, tal e como solicitou o papa Francisco. De fato, a pandemia e suas consequências expuseram a necessidade de agilizar o “caminho sinodal” já empreendido pela Igreja alemã, segundo Christian Bauer.

No artigo publicado por Katolicsch.de, o pastoralista, presidente do Grupo de Trabalho de Teologia Pastoral, defende que a próxima assembleia sinodal que será celebrada em Frankfurt, emita uma mensagem sobre a Igreja pós-coronavírus, similar a de João XXIII na Gaudium et Spes. Uma espécie de “confissão de fé nesse tempo”, ao estilo da “Mensagem ao mundo”, com a qual Roncalli convocou o Vaticano II.

Sinodalidade, “caminho comum e compartilhado”

Uma proposta que, acrescenta Bauer, mostraria a sinodalidade como “um caminho comum e compartilhado”, não somente para o interior da Igreja, mas também “em solidariedade com todos os demais povos de nosso tempo”. Tal e como sonhou Francisco em seu discurso pelo 50º aniversário do Sínodo dos Bispos, “uma Igreja sinodal que avança junto com todos os homens e mulheres, que sonha com construir uma sociedade em justiça e fraternidade”, e assim deixar “um mundo novo, mais belo e humano para as gerações que virão”. Paradoxalmente, da crise imposta pela pandemia surge a oportunidade de construir um mundo novo.

E uma reforma da Igreja. Em realidade, aponta o teólogo alemão, uma “autoevangelização de uma Igreja movida por Jesus, e, portanto, pronta para se colocar a serviço do mundo”. Por que é necessária essa “autoevangelização”? Em boa medida, porque “a crise de credibilidade” motivada pelos abusos e o excesso de poder, que “tornou a Igreja em um obstáculo para a evangelização”.

“Antitestemunho permanente”

“Nesta crise do coronavírus nada serve menos ao Evangelho que uma Igreja cuja forma exterior represente um antitestemunho permanente”, aponta Bauer, que denuncia a “reclericalização da liturgia”, também no espaço digital e defende, junto ao Papa, uma “pastoral de conversão”, que “exige a conversão das estruturas contrárias ao Evangelho e coloca em curso um processo de autodepuração sinodal”. Tudo isso, para alcançar o principal objetivo: “passar de um marco clerical a um sinodal”.

As perguntas que surgiram depois do Concílio voltam a tomar forma na Igreja pós-coronavírus: Nova Evangelização ou autoevangelização? Missão ‘ad extra’ ou ‘ad intra’? “Uma possível mensagem do Caminho Sinodal poderia certamente despertar um novo interesse no Evangelho da segunda vida, tanto dentro como forte da Igreja. Valeria a pena tentar”, culmina o teólogo.

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