13 Dezembro 2019
O National Catholic Reporter está compartilhando as reflexões sobre o Advento inspiradas em Laudato Si’ – Sobre o Cuidado da Casa Comum, do seu ex-editor Arthur Jones. Estas reflexões foram originalmente publicadas em 2015 pela Comunidade Paroquial St. Vincent de Paul, em Baltimore, no estado americano de Maryland. Jones deseja reconhecer a inspiração das invocações celtas da obra Carmina Gadelica, de Alexander Carmichael.
A reflexão do dia 13 de dezembro é publicada por National Catholic Reporter, 08-12-2019. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
A esta altura, o clima e a acessibilidade da encíclica nos permite carregar o peso de um assunto não tão convidativo assim para uma reflexão seguida de meditação: um amor pela vida, como em tudo o que vive. A própria alegria de viver do Papa Francisco nos conduz a novas pastagens para o pensar.
O papa tem uma afeição especial por São Francisco. No entanto, em nossas novas pastagens podemos encontrar este mesmo anelo pela santidade – uma afinidade com a ordem natural como parte do estilo de vida cristão –, por grande parte da existência cristã.
Desde o tempo de São Patrício até a aurora do século XX, o cristianismo celta apresenta um amor pela vida em suas orações que transcende o tempo, a geografia e a cultura. Este amor cósmico por toda a vida ficou expresso em ritos e rituais baseados na ordem natural e nos ritmos do ano. Estes rituais gradualmente decorriam da vida rural na medida em que a própria vida rural diminuía.
Na Irlanda, na Escócia e nas Ilhas Exteriores entre estas duas, consagrava-se a semente antes da plantação, o que era acompanhado por uma oração e um ritual pitoresco. O pastor abençoava as ovelhas após a lã ser cortada. Havia bênçãos para o pastoreio, e bênçãos antes de assar os pães ou acender o fogo.
Essas invocações foram capturadas principalmente nas Ilhas Exteriores (Hébridas) durante o século XIX por Alexander Carmichael. Elas acabaram compiladas em seu famoso Carmina Gadelica, obra em cinco volumes que ocupou 40 anos de sua vida, atualmente preservada em Edimburgo.
Seu considerasse esta encíclica como uma forma de arte religiosa, eu a considero pelo faro poético subjacente que ela tem, não veria problema algum em recorrer às palavras da irmã dominicana Wendy Beckett, historiadora da arte, pois elas apontam, aliás, para aquilo a que o Papa Francisco está tentando nos despertar:
Wendy escreve em The Gaze of Love: Meditations on Art and Spiritual Transformation [O olhar do amor: meditações sobre a arte e a transformação espiritual, em tradução livre]: “A arte religiosa não ‘ilustra’, ou não principalmente. O que ela faz é nos afastar das limitações daquilo que já sabemos e acreditamos, e nos pôr livres nas infinidades de uma visão mais profunda”.
É assim que percebemos que o papa está tentando nos pôr “livres nas infinidades de uma visão mais profunda”.
Ó Deus, permita-me cultivar virtudes ecológicas.
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Segunda Semana do Advento: meditações diárias com Laudato Si’. Dia 13 de dezembro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU