07 Dezembro 2019
O National Catholic Reporter está compartilhando as reflexões sobre o Advento inspiradas em Laudato Si’ – Sobre o Cuidado da Casa Comum, do seu ex-editor Arthur Jones. Estas reflexões foram originalmente publicadas em 2015 pela Comunidade Paroquial St. Vincent de Paul, em Baltimore, no estado americano de Maryland. Jones deseja reconhecer a inspiração das invocações celtas da obra Carmina Gadelica, de Alexander Carmichael.
Publicaremos as suas reflexões para as Semanas 2, 3 e 4, nos dias 8, 15 e 22 de dezembro.
A reflexão do dia 07 de dezembro é publicada por National Catholic Reporter, 01-12-2019. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Com esta encíclica, o papa tenta várias coisas de uma só vez. Essencialmente, ele tenta educar os povos globais com relação à situação difícil do mundo. A seguir, ele quer que tenhamos coragem para agir. Depois, não exclusivamente para os cristãos, quer revelar as relações entre a educação/empoderamento e o conteúdo espiritual da ecologia integral. Ele tenta conscientizar o mundo dos dons espirituais essenciais contidos na vida não humana. Para explicar, voltemos mais uma vez ao tema da “rapidación” aumentada que nos tira a concentração sobre o que é essencial e que prejudica a qualidade de vida.
Novamente, o Papa Francisco conta com São Francisco, cujo testemunho mostra-nos também que (…) uma ecologia integral requer abertura para categorias que transcendem a linguagem das ciências exatas ou da biologia e nos põem em contato com a essência do ser humano. Tal como acontece a uma pessoa quando se enamora por outra, a reação de Francisco, sempre que olhava o sol, a lua ou os minúsculos animais, era cantar, envolvendo no seu louvor todas as outras criaturas. Entrava em comunicação com toda a criação, chegando mesmo a pregar às flores ‘convidando-as a louvar o Senhor, como se gozassem do dom da razão’.
A sua reação ultrapassava de longe uma mera avaliação intelectual ou um cálculo econômico, porque, para ele, qualquer criatura era uma irmã, unida a ele por laços de carinho. Por isso, sentia-se chamado a cuidar de tudo o que existe. São Boaventura, seu discípulo, contava que ele, ‘enchendo-se da maior ternura ao considerar a origem comum de todas as coisas, dava a todas as criaturas – por mais desprezíveis que parecessem – o doce nome de irmãos e irmãs’. Esta convicção não pode ser desvalorizada como romantismo irracional, pois influi nas opções que determinam o nosso comportamento.
Se nos aproximarmos da natureza e do meio ambiente sem esta abertura para a admiração e o encanto, se deixarmos de falar a língua da fraternidade e da beleza na nossa relação com o mundo, então as nossas atitudes serão as do dominador, do consumidor ou de um mero explorador dos recursos naturais, incapaz de pôr um limite aos seus interesses imediatos. Pelo contrário, se nos sentirmos intimamente unidos a tudo o que existe, então brotarão de modo espontâneo a sobriedade e a solicitude. A pobreza e a austeridade de São Francisco não eram simplesmente um ascetismo exterior, mas algo de mais radical: uma renúncia a fazer da realidade um mero objeto de uso e domínio.
Se me aproximo da natureza e do meio ambiente sem esta abertura para a admiração e o encanto, se não mais falo a língua da fraternidade e da beleza em minha relação com o mudo, a minha atitude será a de um dominador, consumidor, explorador, incapaz de pôr limites aos meus interesses imediatos. Pelo contrário, se me sinto intimamente unido a tudo o que existe, então brotarão de modo espontâneo a sobriedade e a solicitude. A pobreza e a austeridade de São Francisco não eram simplesmente um ascetismo exterior, mas algo de mais radical: uma renúncia a da realidade um mero objeto de uso e domínio.
Contrastemos isto com a aceleração contínua das mudanças que afetam a humanidade, toda a vida e, portanto, a vida do planeta.
Ó Deus, permiti-me cultivar virtudes ecológicas.
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Primeira Semana do Advento: meditações diárias com Laudato Si’. Dia 7 de dezembro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU