10 Dezembro 2019
O National Catholic Reporter está compartilhando as reflexões sobre o Advento inspiradas em Laudato Si’ – Sobre o Cuidado da Casa Comum, do seu ex-editor Arthur Jones. Estas reflexões foram originalmente publicadas em 2015 pela Comunidade Paroquial St. Vincent de Paul, em Baltimore, no estado americano de Maryland. Jones deseja reconhecer a inspiração das invocações celtas da obra Carmina Gadelica, de Alexander Carmichael.
Publicaremos as suas reflexões para as Semanas 2, 3 e 4, nos dias 8, 15 e 22 de dezembro.
A reflexão do dia 09 de dezembro é publicada por National Catholic Reporter, 08-12-2019. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Aqui é onde o papa pega o seu pedaço de madeira e desenha, na areia, a dicotomia que percebe. Ele começa com “a cultura do relativismo é a mesma patologia que impele uma pessoa a aproveitar-se de outra”. É o relativismo, insiste ele, que permite alguém“[a tratar uma pessoa] como mero objeto, obrigando-a a trabalhos forçados, ou reduzindo-a à escravidão por causa duma dívida. É a mesma lógica que leva à exploração sexual das crianças, ou ao abandono dos idosos que não servem os interesses próprios. É também a lógica interna daqueles que dizem: ‘Deixemos que as forças invisíveis do mercado regulem a economia, porque os seus efeitos sobre a sociedade e a natureza são danos inevitáveis’. (…) Não é a mesma lógica relativista a que justifica a compra de órgãos dos pobres com a finalidade de os vender ou utilizar para experimentação, ou o descarte de crianças porque não correspondem ao desejo de seus pais? É a mesma lógica do ‘usa e joga fora’ que produz tantos resíduos, só pelo desejo desordenado de consumir mais do que realmente se tem necessidade. Portanto, não podemos pensar que os programas políticos ou a força da lei sejam suficientes para evitar os comportamentos que afetam o meio ambiente, porque, quando é a cultura que se corrompe deixando de reconhecer qualquer verdade objetiva ou quaisquer princípios universalmente válidos, as leis só se poderão entender como imposições arbitrárias e obstáculos a evitar”.
Com esta declaração (creio eu) o papa nos convida a um exame da nossa “outra” consciência – a nossa “consciência nacional”. O que o nosso país e os seus principais agrupamentos perseguem que é corrupto o suficiente para ameaçar a ecologia e os pobres?
Vejamos novamente o que ele diz: “Quando é a cultura que se corrompe deixando de reconhecer qualquer verdade objetiva ou quaisquer princípios universalmente válidos, as leis só se poderão entender como imposições arbitrárias e obstáculos a evitar”.
Devemos responder a partir da nossa própria cidadania moral/consciência sociopolítica. Fazemos isso ao mesmo tempo que confiamos na base que é a nossa consciência cristã, e identificamos onde e em quais questões a nossa cultural nacional e a interpretação do nosso país sobre os princípios universalmente válidos são “corruptas”. Podemos identificar o que o país e/ou os seus principais agrupamentos estão fazendo e que é corrupto, caso após caso, mensurando o seu comportamento contra princípios universalmente válidos.
Então devemos nos perguntar se este passo a que estamos sendo chamado a dar é extraordinário – o papa nos diz que, como cristãos, não podemos ter ciência das instâncias, dos itens e das tendências nacionais corruptas e não lhes fazer oposição. Será que o Papa Francisco está dizendo que temos uma obrigação moral de nos envolver de um modo sociopolítico e, por extensão, deixar de agir assim é um comportamento socialmente pecaminoso?
Ó Deus, permiti-me cultivar virtudes ecológicas – e sondai mais aprofundadamente aquilo que me é pedido.
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Segunda Semana do Advento: meditações diárias com Laudato Si’. Dia 9 de dezembro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU