25 Agosto 2019
Depois da nota lançada pelo episcopado latino-americano, através do Conselho Episcopal Latino-Americano – CELAM, na quinta-feira, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB acaba de emitir uma outra nota onde diante dos “absurdos incêndios e outras criminosas depredações”, vê a necessidade de “posicionamentos adequados e providências urgentes”.
A informação é de Luis Miguel Modino.
Seguindo os princípios recolhidos pelo Papa Francisco na encíclica Laudato Si, a nota, assinada pela presidência do episcopado, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Presidente da CNBB, Dom Jaime Spengler, OFM, 1º Vice-Presidente da CNBB, Dom Mário Antônio da Silva, 2º Vice-Presidente da CNBB, e Dom Joel Portella Amado, Secretário-Geral da CNBB, diz que “o meio ambiente precisa ser tratado nos parâmetros da ecologia integral”.
A presidência da CNBB diz que a situação atual, determinada pela “gravidade da tragédia das queimadas, e outras situações irracionais e gananciosas, com impactos de grandes proporções, local e planetária, requerem que, construtivamente, sensibilizando e corrigindo rumos, se levante a voz”. Nesse sentido, os bispos deixam claro que se faz necessário uma voz profética, firme, que defenda um dos grandes princípios do Papa Francisco e do Sínodo para a Amazônia, o cuidado da casa comum, e dos povos que a habitam, secularmente vulnerados.
A nota faz uma advertência sobre a possibilidade de chegar em “perdas irreparáveis”, e para evitar isso urgem a “escolher agir com equilíbrio e responsabilidade”, em vista de assumir “a nobre missão de proteger a Amazônia, respeitando o meio ambiente, os povos tradicionais, os indígenas”, uma atitude que não está presente no atual governo brasileiro, com contínuos pronunciamentos contra a Amazônia e os povos que a habitam, especialmente os indígenas.
Por isso, os bispos fazem um chamado a que cada um “Levante a voz”, procurando “esclarecer, indicar e agir diferente, superar os descompassos vindos de uma prolongada e equivocada intervenção humana, em que predomina a “cultura do descarte” e a mentalidade extrativista”. Para combater isso, se “exige mudanças estruturais e pessoais de todos os seres humanos, Estados e da Igreja”.
Os primeiros em dar uma resposta urgente têm que ser “os governos dos países amazônicos, especialmente o Brasil”, deixando de lado” desvarios e descalabros em juízos e falas”, atitude muito presente no atual governo, empenhado em declarações que mostram pouca vontade de preservar a Amazônia, bem pelo contrário, dá carta livre aos depredadores.
O povo brasileiro, seus representantes e servidores têm a maior responsabilidade na defesa e preservação de toda a região amazônica. O Brasil possui significativa extensão desse precioso território, com o rico tesouro de sua fauna, flora e recursos hidrominerais. Os absurdos incêndios e outras criminosas depredações requerem, agora, posicionamentos adequados e providências urgentes. O meio ambiente precisa ser tratado nos parâmetros da ecologia integral, em sintonia com o ensinamento do Papa Francisco, na sua Carta Encíclica Laudato Si’, sobre o cuidado com a casa comum.
“Levante a voz pela Amazônia” é um movimento, agora, indispensável, em contraposição aos entendimentos e escolhas equivocados. A gravidade da tragédia das queimadas, e outras situações irracionais e gananciosas, com impactos de grandes proporções, local e planetária, requerem que, construtivamente, sensibilizando e corrigindo rumos, se levante a voz.
É hora de falar, escolher e agir com equilíbrio e responsabilidade, para que todos assumam a nobre missão de proteger a Amazônia, respeitando o meio ambiente, os povos tradicionais, os indígenas, de quem somos irmãos. Sem assumir esse compromisso, todos sofrerão com perdas irreparáveis.
O Sínodo dos bispos sobre a Amazônia, outubro próximo, em sintonia amorosa e profética com a convocação do Papa Francisco, no cumprimento da tarefa missionária e da evangelização, é sinal de esperança e fonte de indicações importantes no dever de preservar a vida, a partir do respeito ao meio ambiente.
“Levante a voz” para esclarecer, indicar e agir diferente, superar os descompassos vindos de uma prolongada e equivocada intervenção humana, em que predomina a “cultura do descarte” e a mentalidade extrativista. A Amazônia é uma região de rica biodiversidade, multiétnica, multicultural e multirreligiosa, espelho de toda a humanidade que, em defesa da vida, exige mudanças estruturais e pessoais de todos os seres humanos, Estados e da Igreja.
É urgente que os governos dos países amazônicos, especialmente o Brasil, adotem medidas sérias para salvar uma região determinante no equilíbrio ecológico do planeta – a Amazônia. Não é hora de desvarios e descalabros em juízos e falas. “Levante a voz” na voz profética do Papa Francisco ao pedir, a todos os que ocupam posições de responsabilidade no campo econômico, político e social: “Sejamos guardiões da criação”.
Vamos construir juntos uma nova ordem social e política, à luz dos valores do Evangelho de Jesus, para o bem da humanidade, da Panamazônia, da sociedade brasileira, particularmente dos pobres desta terra. É indispensável para promovermos e preservarmos a vida na Amazônia e em todos os outros lugares do Brasil. Em diálogos e entendimentos lúcidos, que se “levante a voz”!
Brasília-DF, 23 de agosto de 2019
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler, OFM
Arcebispo de Porto Alegre – RS
1º Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima – RR
2º Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo Auxiliar de S. Sebastião do Rio de Janeiro – RJ
Secretário-Geral da CNBB
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A CNBB urge o governo a tomar “medidas sérias para salvar uma região determinante no equilíbrio ecológico do planeta” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU