Musk culmina a reforma de imagem da líder da extrema-direita alemã com uma entrevista no X: "Hitler era comunista"

Foto: Wikimedia Commons

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10 Janeiro 2025

Alice Weidel utilizou a conversa com o proprietário da rede social para criticar Hitler e apresentar a AfD como "a única protetora dos judeus na Alemanha"

A reportagem é publicada por El Diario, 09-01-2024.

Alice Weidel, co-líder e candidata do partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), apresentou nesta quinta-feira seu partido como uma organização "conservadora" e "libertária" em uma conversa seguida por cerca de 200.000 usuários na rede social X (antes Twitter), com o magnata e proprietário dessa plataforma, Elon Musk.

"Somos um partido conservador libertário. Pelo menos é assim que nos vemos", disse Weidel em sua conversa com Musk, na qual se queixou de que a AfD seja "acusada de ser extremista de direita" e agradeceu ao empresário por lhe oferecer "uma conversa normal", na qual não foi "apresentada de forma extremamente negativa", como costuma acontecer na mídia.

Apesar da definição dada por Weidel à AfD, o partido é considerado um "caso claro de extrema-direita" em vários estados federados alemães pela Agência Federal para a Proteção da Constituição, nome dado na Alemanha aos serviços de inteligência do Ministério do Interior, um ponto que foi ignorado na conversa com Musk, que reiterou várias vezes seu apoio à formação de extrema-direita.

"Recomendo votar na AfD se você estiver insatisfeito com a situação", disse Musk, acusado pelos principais líderes políticos de interferir nas eleições com seu apoio explícito ao partido de extrema-direita durante a campanha eleitoral.

"Acho que Alice Weidel é uma pessoa muito razoável, e isso pode ser visto nesta conversa", acrescentou Musk, que, junto com a candidata a chanceler da AfD, criticou as políticas energéticas, migratórias e educacionais dos governos do atual chanceler, o social-democrata Olaf Scholz, e de sua antecessora, a conservadora Angela Merkel.

Musk chegou à sua conversa com Weidel nesta quinta-feira após ter se confrontado com vários líderes europeus, como o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer; o presidente francês, Emmanuel Macron; autoridades do governo alemão e da Comissão Europeia, que acusaram o magnata proprietário do X de interferir na campanha eleitoral alemã e de apoiar líderes de extrema-direita em vários países.

Weidel e Musk, de fato, mencionaram os "150 burocratas", segundo Weidel, que, enquanto eles conversavam, monitoravam se a conversa de quinta-feira poderia infringir a Lei de Serviços Digitais da União Europeia, uma circunstância que ambos usaram para reivindicar a "liberdade de expressão".

Weidel, após ser convidada por Musk a comentar sobre a AfD ser de extrema-direita, criticou o nacionalsocialismo e o 'Führer' Adolf Hitler, a quem a política ultradireitista qualificou de "comunista".

"Hitler se considerava um socialista. O Estado fundava empresas, pedia grandes quantias de impostos, nacionalizava indústrias inteiras", afirmou Weidel, antes de apresentar a AfD como "o único partido que protege os judeus na Alemanha".

Tanto Weidel quanto Musk mencionaram na conversa, marcada por momentos descontraídos e risadas de ambos, seu apoio a Israel no Oriente Médio e a necessidade de as populações palestinas "serem prósperas". Eles também expressaram o desejo de que a guerra na Ucrânia termine "o mais rápido possível" após a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, em 20 de janeiro.

"Muitas pessoas na Alemanha estão ansiosas por várias razões. Esse conflito pode aumentar e terminar em um conflito nuclear", declarou Weidel, que lamentou que, em sua opinião, os líderes europeus carecem de uma estratégia para enfrentar a ameaça representada pela guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia.

A líder da AfD também criticou as políticas migratórias de Angela Merkel, acusando-a de "abrir as fronteiras da Alemanha para a imigração ilegal" e até de ser a "primeira chanceler ecologista" do país.

Além disso, Weidel criticou o abandono da energia nuclear após o corte do fornecimento de gás natural russo com o início da guerra na Ucrânia e a inação dos governos anteriores diante de uma imensa burocracia, agora reconhecida como um obstáculo para a economia, além de ter desenvolvido um sistema educacional "socialista".

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