Os conflitos planetários que a Meta causa ao se alinhar a Donald Trump

Foto: Wikimedia Commons

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10 Janeiro 2025

Economia, geopolítica e integridade da informação estão ameaçadas depois do anúncio de Mark Zuckerberg, que se alinhou ao novo presidente dos EUA

A reportagem é de Camila Bezerra, publicada por Jornal GGN, 09-01-2025.

Gilberto Scofield Jr., doutorando do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano (PPGMC) da Universidade Federal Fluminense (UFF), afirmou que o fim do programa de checagem anunciado pelo fundador da Meta, Mark Zuckerberg, ameaça a integridade e ética da informação.

Estudiosos da área e também dos segmentos de datificação social, da plataformização da economia, do capitalismo de vigilância e do colonialismo de dados ficaram estarrecidos com o afrouxamento do controle das redes sociais.

Isso porque o anúncio, junto à declaração de aliança com o governo de Donald Trump, representa a “defesa da desinformação e do caos e polarização social causados em grande parte pela contaminação do debate público por desinformação, discursos de ódio e de extrema-direita”. “São táticas que beneficiam os dois bilionários política e economicamente, bem como na conquista e na manutenção do poder”, explicou o doutorando, em artigo publicado no site The Conversation.

A partir de tal anúncio, a Meta cria frentes de conflitos planetários, entre eles um desserviço relacionado à integridade da informação, a partir da propagação de notícias falsas e discursos de ódio. Além disso, a plataforma “asfixia financeiramente as empresas de checagem de dados que possuem no Facebook hoje um importante cliente”.

Scofield cita ainda a geopolítica como outro segmento diretamente atingido pelo novo posicionamento. Segundo o doutorando, quem explicou bem as consequências do fim da checagem de informações nas redes sociais da Meta foi João Brant, secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

Brant apontou, no próprio Instagram da Meta, que a empresa vai atuar de politicamente no âmbito internacional para “combater políticas da Europa, do Brasil e de outros países que buscam equilibrar direitos no ambiente online”.

Ao se alinhar a Trump, a Meta passa ainda a defender o oligopólio americano, que atualmente controla boa parte dos dados da humanidade.

O doutorando aponta que todas as frentes representam uma potencial “ameaça à estabilidade social, política e econômica de países cujos governantes e políticos ainda não tomaram para si a defesa da democracia como bandeira primordial”. “Há um potencial desestabilizador gigante na decisão da Meta, em vários sentidos, e o Brasil tem a chance de se blindar, via regulamentação das plataformas (inclusive do ponto de vista da concorrência), de bilionários ou reacionários que usam as redes sociais para conquistar e manter poder via manipulação e desinformação da sociedade”, concluiu Scofield.

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