A formação dos padres hoje: lugares, instrumentos, experiências

Foto: Juan Gómez | Cathopic

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10 Janeiro 2024

O dossiê da última edição de 2023 da revista Orientamenti Pastorali 10/2023 é dedicado ao tema urgente da formação dos padres. A seguir, apresentamos a introdução do dossiê. A citada revista é publicada pelo Centro de Orientação Pastoral (COP), associação que contribui para o desenvolvimento da pesquisa e do estudo pastoral na Igreja italiana, oferecendo instrumentos de atualização e de formação.

O texto é de Centro de Orientação Pastoral, publicada por Settimana News, 06-01-2024. 

Eis o texto. 

A mudança de época, enunciada há alguns anos pelo papa Francisco, impõe à Igreja uma reavaliação de suas práticas e estruturas. Este processo afeta o ministério ordenado, chamado a se redefinir de forma descontínua em relação ao modelo tridentino que também havia traçado no século XVI numerosos e importantes caminhos de reforma. Os novos desafios colocados à Igreja pelo atual contexto social, cultural e eclesial, colocam questionamentos tanto sobre o percurso formativo atualmente em curso nos seminários quanto sobre a necessidade de iniciar itinerários de formação permanente que acompanhem o presbítero em seu ministério.

Formação

À reflexão introdutória a cargo de Enrico Brancozzi e a um trecho do discurso de Papa Francisco aos participantes do simpósio "Por uma teologia fundamental do sacerdócio", segue-se uma contribuição de Franco Garelli sobre as mudanças sociais e culturais, com as consequentes repercussões no tecido eclesial e os questionamentos que colocam sobre a figura do padre.

A formação recebida nos anos de seminário é caracterizada por uma forte carga de trabalho intelectual, mas sua existência ainda não se encheu daquelas perguntas que apenas o exercício concreto do ministério é capaz de suscitar. Daí uma espécie de desorientação que, em alguns casos, leva ou ao recolhimento em uma concepção sacra do ministério ou a um afã pastoral cujo resultado é, às vezes, o burnout pastoral. À luz dos resultados das pesquisas sociológicas realizadas nos últimos anos, qual é a imagem que o padre dá de si mesmo e qual é sua imagem ideal?

No imaginário eclesial persiste a figura do padre delineada pelo decreto Cum adolescentium aetas (15 de julho de 1563) que, com a instituição dos seminários, também delineava o ministério presbiteral. Mas tanto antes do tridentino quanto depois dele houve várias representações do ministério presbiteral. Uma reconhecibilidade dos vários modelos pode ajudar a captar não apenas as dificuldades do presente, mas também ser um estímulo para uma reforma necessária para o futuro eclesial (Giovanni Frausini).

Presbítero e comunidade

Um dos pontos mais problemáticos em relação ao desenvolvimento de uma prática realmente sinodal é a relação entre o presbítero e a comunidade. De fato, em algumas experiências eclesiais, registra-se uma espécie de dificuldade e de lentidão na maturação das dinâmicas sinodais, devido essencialmente a uma crise no exercício da liderança, interpretada de forma absolutista, autorreferencial ou competitiva.

Situações desse tipo podem gerar curto-circuitos que vão desde a mais comum banalização de tudo o que pode restituir autoridade ao corpo eclesial, até o mais prejudicial e patológico uso do próprio sujeito comunitário como palco para a performance de quem exerce nele o seu serviço sacerdotal.

Se a ordenação presbiteral coloca o ministro em relação ao nós eclesial, redefinindo de forma nova e única as relações que ele já tem com esse corpo, é preciso que essa identidade se traduza em um exercício ministerial que leve em conta processos de envolvimento, de participação, de corresponsabilidade, de exercício compartilhado do poder. Estes elementos precisam de uma formação para que possam ser praticados (Alberto Vanzi).

O padre e o poder

O surgimento do tema dos abusos do clero (não apenas em âmbito sexual) fez ressurgir o da relação entre o padre e o poder. São abusos que encontrariam o seu humus em uma estrutura hierárquica investida de poder sagrado, e que faz com que sacerdotes, religiosos e bispos sejam considerados seres superiores, identificando assim a "sacramentalidade do ministério" com a "sacralidade do poder".

Toda sacralização do poder deve ser denunciada e perseguida e isso não tanto em nível jurídico, mas na formação dos candidatos ao ministério, chamados a compreender até o fundo o caráter diaconal, ou seja, de serviço, que toda forma de ministerialidade é chamada a viver (Michael Davide Semeraro).

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