16 Agosto 2022
O juízo sobre os casais LGBT+ e sobre as mulheres no ministério do episcopado dilacera algumas Igrejas, como demonstrou a "Lambeth Conference", uma espécie de Concílio Anglicano (realizado em Londres de 26 de julho a 8 de agosto) que contou com a presença de 650 bispos, entre os quais cerca de uma centena de mulheres.
O comentário é de Luigi Sandri, jornalista italiano, publicado por L’Adige, 15-08-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
A singular reunião ocorre aproximadamente a cada dez anos, sendo que a última foi em 2008; a convocação daquela recém-concluída foi adiada tanto por causa da Covid como pelas divergências irremediáveis entre os defensores - especialmente os estadunidenses - das mulheres no episcopado, do pleno reconhecimento das pastoras e bispas homossexuais e do reconhecimento de suas uniões, e aqueles - especialmente africanos - totalmente contrários a tais escolhas.
Após uma discussão acalorada, não foi possível alcançar uma plena convergência sobre a questão das uniões LGBT+; de fato, foi reafirmado, como já havia sido dito em 1988, que essas uniões contradizem frontalmente o ensinamento bíblico; ao mesmo tempo, aceitou-se não "sancionar" as Igrejas Anglicanas (a referência é sobretudo as dos Estados Unidos da América e do Canadá) que aceitam tais uniões.
Um frágil equilíbrio teológico-pastoral que deixa insatisfeitas as Igrejas africanas, em geral ferrenhamente contrárias a tais uniões, e que de fato se colocam em estado de cisma com aquelas do "sim". Mas se a maioria dos bispos anglicanos africanos rejeita as mulheres bispas e as uniões homossexuais, Desmond Tutu (arcebispo anglicano da África do Sul e corajoso opositor do Apartheid, o regime segregacionista de seu país, finalmente erradicado nos últimos anos do século XX) defendia o pleno acolhimento dessas pessoas.
Diante desses conflitos, uma pergunta: mas o que a Bíblia diz sobre tais problemas? Alguns bispos anglicanos (mas o problema diz respeito a todas as Igrejas) acreditam que ela trunque, com uma condenação lapidar e insuperável, tais escolhas; outros, por outro lado, acreditam que a Bíblia deve ser contextualizada: e, de fato - observam - é traição ou mais uma questão de bom senso comum, hoje, por exemplo, não condenar à morte uma pessoa adúltera, como o livro bíblico de Levítico condenava a fazer?
E assim para os ministérios femininos: por que durante séculos recusou-se (e a Igreja Romana ainda recusa) admitir as mulheres para todos os ministérios, já que Jesus havia confiado a Maria de Magdala a tarefa de anunciar aos apóstolos que Ele havia ressuscitado? Em todo caso, há décadas, muitas Igrejas da Comunhão Anglicana e quase todas as Igrejas ligadas à Reforma têm admitido isso.
Mas o tempo está se esgotando: e também em Roma, talvez já a partir do próximo pontificado, as questões candentes e dilacerantes que dominaram a Conferência de Lambeth terão de ser abordadas.
Em 1965, o Concílio Vaticano II, lendo o Evangelho de sempre com novos olhos, derrubou uma "doutrina" que estava em voga há mil e setecentos anos, que rejeitava o princípio da liberdade religiosa.
A Igreja Romana terá, agora, uma coragem semelhante?
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A Bíblia e as mulheres dividem os anglicanos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU