Plano de Trump para IA propõe centros de dados, menos regulação ambiental e disputa com China

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24 Julho 2025

O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, deve apresentar nesta quarta-feira (23) seu aguardado plano nacional para a inteligência artificial (IA). Segundo informações antecipadas pela imprensa local, o documento tem 20 páginas e se estrutura em três eixos principais: infraestrutura, inovação e influência global.

A informação é de Luciana Rosa, publicada por RFI, 23-07-2025. 

O anúncio ocorrerá durante o evento “Winning the AI Race” (“Vencendo a Corrida da IA”, em tradução livre), em Washington, organizado pelo podcast All-In e pelo fórum Hill & Valley.

Batizado de AI Action Plan, o plano busca facilitar a construção de centros de dados e ampliar a infraestrutura energética do país. Para isso, propõe a flexibilização de exigências ambientais e a aceleração de processos de licenciamento, com o objetivo de garantir o "fornecimento de energia necessário ao funcionamento de sistemas de IA – que consomem elevados volumes de eletricidade.

Diferentemente de iniciativas anteriores, tanto do governo de Joe Biden quanto do primeiro mandato de Trump, o novo plano dá menos ênfase à propriedade intelectual e prioriza a produção de energia.

O plano se apoia em três pilares:

  • Infraestrutura – Visa modernizar a rede elétrica e facilitar a construção de centros de dados, com foco em acelerar licenças e incorporar novas fontes de energia.
  • Inovação – Propõe a redução de regulamentações, o incentivo a tecnologias abertas e a liderança dos EUA no desenvolvimento de novos modelos de IA. Também inclui críticas a regulações estaduais e um alerta contra barreiras internacionais às empresas americanas do setor.
  • Influência global – Busca conter a dependência de tecnologias chinesas, incentivando países aliados a adotarem modelos e chips desenvolvidos por empresas dos EUA.

IA e combustíveis fósseis

O governo Trump tem usado a corrida pela IA como justificativa para ampliar investimentos em combustíveis fósseis. Um decreto previsto para os próximos dias deve autorizar a construção de centros de dados em território federais, conectando diretamente a expansão da IA à matriz energética baseada em gás e petróleo.

Entre as medidas, destaca-se a flexibilização de exigências ambientais e a aceleração de licenças. A justificativa é clara: sistemas de IA demandam grande capacidade computacional e, portanto, alto consumo de energia.

Segundo Trump, “para continuar liderando o mundo em IA, será preciso aumentar muito a produção de energia” — o que inclui a ampliação do uso de combustíveis fósseis.

Grupos ambientalistas e especialistas em tecnologia alertam para os riscos do plano e da expansão dos centros de dados (data centers), sobrecarregando a rede elétrica. A priorização de combustíveis fósseis compromete metas climáticas e aumenta as emissões de gases de efeito estufa. Além disso, a desregulamentação proposta levanta preocupações sobre segurança e privacidade.

Competição com a China

A urgência dos EUA em avançar na área está diretamente ligada ao crescimento da China no setor. O país asiático investe bilhões para se tornar uma superpotência em IA, repetindo a estratégia que o levou à liderança nos mercados de carros elétricos e energia solar.

Mesmo após restrições impostas pela OpenAI, empresas chinesas como DeepSeek e Alibaba desenvolveram sistemas de código aberto que hoje rivalizam com os melhores do mundo.

Diante desse cenário, Washington vê a supremacia tecnológica como uma questão de segurança nacional e busca garantir que seus aliados optem por soluções americanas em vez das chinesas.

Em tempo

O jornal Le Monde, 24-07-2025 informa:

"Na quarta-feira, 23 de julho, a Casa Branca revelou um plano de ação para promover o desenvolvimento da inteligência artificial (IA) nos Estados Unidos, a exportação de IA americana e eliminar o "viés ideológico" em chatbots. "O presidente Trump declarou que o avanço, até mesmo o domínio, dos Estados Unidos em inteligência é uma prioridade nacional", lembrou David Sacks, assessor sênior da Casa Branca para IA, durante uma coletiva de imprensa por telefone. "Estamos engajados em uma corrida global para liderar em IA", explicou ele, "e queremos que os Estados Unidos vençam essa corrida."

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