Gaza, ataques israelenses intermináveis: mais de 120 mortos em uma cidade de tendas

Foto: UNRWA | ONU

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16 Mai 2025

Os Estados Unidos estão colocando sua máquina em movimento para levar alimentos e remédios. Mas a ONU não irá cooperar.

A reportagem é de Daniele Castellani Perelli, publicada por La Repubblica, 16-05-2025.

Segundo fontes médicas palestinas, novos ataques aéreos israelenses em Gaza causaram pelo menos 121 mortes. A maioria das vítimas foi registrada em Khan Younis, na parte sul da Faixa, em ataques que atingiram casas e tendas, enquanto quinze perderam a vida na clínica Al-Tawba, no campo de Jabalia. Entre os mortos estava o jornalista Hassan Samour, que trabalhava para a Aqsa, uma estação de rádio administrada pelo Hamas: ele perdeu a vida junto com 11 membros de sua família. Israel anunciou mais tarde que Jasser Hussein Ali Shamieh, considerado responsável pelo financiamento do braço militar do Hamas, também foi morto em um atentado com bomba na semana passada.

Os novos massacres ocorrem no dia em que os palestinos comemoram o 77º aniversário da Nakba — a "catástrofe", ou a fuga e expulsão de cerca de 700.000 pessoas durante a criação do Estado de Israel em 1948 — e num momento em que, enquanto o Estado judeu intensificou sua ofensiva, seu aliado histórico, os Estados Unidos, dialoga com a milícia palestina. Este último, num sinal de abertura, libertou o refém israelo-americano Edan Alexander na véspera da chegada à região de Donald Trump, que ontem disse que gostaria que a Faixa fosse "transformada numa zona de liberdade". "Gaza não está à venda", respondeu Basem Naim, alto funcionário do Hamas, lembrando mais tarde aos EUA que "a condição mínima" para um acordo "é a entrada de ajuda humanitária".

Desde o início da viagem do presidente americano, os ataques israelenses aumentaram: os massacres de ontem seguem aqueles que levaram à morte de pelo menos outras 80 pessoas na quarta-feira.

Negociações indiretas entre Israel e Hamas, conduzidas em Doha pelos enviados de Trump, Catar e Egito, até agora não levaram a lugar nenhum. Mas, em outro sinal de tensão entre os EUA e Israel, o secretário de Estado americano, Rubio, disse ontem que os Estados Unidos estão "preocupados com a situação humanitária em Gaza e não são imunes nem insensíveis ao sofrimento da população".

A Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelos EUA, começará a trabalhar em um plano de distribuição de ajuda no final de maio e pediu a Israel que permita imediatamente que a ONU retome as entregas de alimentos, em meio a uma situação cada vez mais desesperadora causada por um bloqueio que a Human Rights Watch diz ser um "instrumento de extermínio". A própria ONU, no entanto, anunciou ontem à noite que não participará da distribuição de ajuda em Gaza organizada pelo GHF, porque os métodos não respeitam os princípios de imparcialidade e independência.

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