06 Setembro 2023
A reportagem é de Luis Miguel Modino, publicada por Religión Digital, 05-09-2023.
Na data em que se comemora o Dia da Amazônia no Brasil, Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), quis refletir sobre a realidade desta região em texto publicado pela Folha de São Paulo, intitulado “Uma oração pela amada Amazônia”.
“Um território sagrado que contém sinais abundantes do amor de Deus”, é como o define Dom Spengler, que recorda as palavras do Papa Francisco em Querida Amazônia: “A amada Amazônia aparece aos olhos do mundo em todo o seu esplendor, drama e mistério". O Arcebispo de Porto Alegre destaca que “ a celebração desta data nos convida a olhar para o bioma Amazônico com responsabilidade e coragem, reconhecendo a necessidade permanente de um compromisso ousado diante de seus dramas ”.
Dom Jaime Spengler discursando na CELAM. (Foto: Divulgação)
Nas suas palavras, o presidente do episcopado brasileiro denuncia “a destruição sistemática da Amazônia, coração biológico do planeta”, o que vê no facto de “o aumento vertiginoso da desflorestação e dos incêndios que se alastraram, destruindo a fauna e a flora, Além de escurecer o ar das cidades amazônicas, representam sérios riscos à saúde de seus habitantes.” Junto a isso, o texto relata que “as imagens dos povos indígenas em situação de insegurança alimentar e desnutrição, as consequências do desmonte das políticas públicas e do avanço de projetos que destroem rios e terras, indignam-se”.
Nesta perspetiva, o presidente do Celam chama a atenção para o fato de “o abuso míope e egoísta da criação, com o objetivo de explorar até à exaustão o ambiente, tem contribuído, como mostram os estudos científicos, para o aquecimento global e para as alterações climáticas”. O grito da terra é ouvido quando se abrem clareiras que devastam as florestas e danificam este extraordinário ecossistema”.
Perante esta realidade, o prelado brasileiro vê um sinal de esperança no facto de no primeiro semestre deste ano ter havido uma redução de 60% no desmatamento florestal. Situação que “não deve diminuir a atenção e a vigilância, já que a perversidade de alguns continua em busca de subterfúgios que interfiram no equilíbrio deste importante bioma”. Dom Spengler relembra a celebração da cúpula dos presidentes amazônicos realizada recentemente em Belém, uma iniciativa que considera louvável, mas diante da qual insiste que “só será eficaz se os governos e os povos amazônicos assumirem compromissos viáveis para deter a destruição ”.
É por isso que apela à sociedade, aos líderes locais e mundiais, para que “demonstrem sensibilidade à atenção e aos cuidados essenciais que a região clama”. Nesta perspectiva, “travar a destruição, ouvir os povos originários, guardiões das florestas e ter em conta as orientações da ciência são responsabilidades que todos devemos assumir”.
Por fim, o presidente da CNBB insiste que “a Igreja no Brasil continuará trabalhando incansavelmente para promover vida abundante para todos. O compromisso de seguir Jesus Cristo, especialmente diante das ameaças à vida, compromete-nos a preservar, cultivar, proteger e cuidar deste patrimônio que pertence a todos. Para isso, diz que “inspirados no princípio de uma ecologia integral e retomando os sonhos do Papa Francisco na Exortação Apostólica Pós-Sinodal, sentimos a urgência de dar a conhecer as belezas e as riquezas deste bioma, sobre o qual o futuro depende de alguma forma."
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“Uma oração pela Querida Amazônia” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU