"É necessário um grande movimento de pessoas para forçar os governos europeus a uma mudança drástica de rota", conclamam os pensadores italianos em carta publicada por il Fatto Quotidiano, 01-07-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
A carta é de Massimo Cacciari, filósofo italiano e ex-prefeito de Veneza, Donatella Di Cesare, filósofo italiana, Raniero La Valle, jornalista e ex-senador italiano, Carlo Rovelli, físico italiano, Michele Santoro, jornalista e apresentador italiano, e Marco Tarquinio, diretor do jornal Avvenire.
Eis a carta.
Os recentes eventos demonstram que perigos formidáveis o mundo pode correr após uma explosão “anárquica” do império russo. Milhares de sistemas de armas mortais podem acabar nas mãos de grupos políticos e paramilitares absolutamente irresponsáveis. Um cenário desse tipo deveria levar qualquer autoridade razoável, para além da discussão e da busca sobre as causas que nos levaram a este ponto, a assumir todas as iniciativas possíveis para um cessar-fogo, para uma trégua, para o início de negociações sérias. O que significa obstinar-se pela "vitória"? O que significa "vitória"? A continuação do massacre bélico em solo ucraniano até, justamente, a dissolução sic et simpliciter da Federação Russa?
Grandes países como Índia, Brasil e Indonésia se manifestaram por uma solução justa para o conflito permanecendo completamente ignorados. O Papa e a Igreja insistem em vão há tempo para que falem finalmente política e diplomacia e, com a missão promovida nas últimas semanas, ousaram dar um exemplo. Esse é o caminho que também a Constituição italiana exige em termos inequívocos. Não só não há nela vestígio de um conceito de "guerra justa", mas, independentemente de como se queira interpretar e dos limites de nosso "repúdio" à guerra, o que é certo é que o texto constitucional obriga quem nos governa a privilegiar sempre e em qualquer caso o caminho da negociação. O que está sendo feito nesse sentido? Qual atos nosso governo assumiu para promover iniciativas já testadas em outros teatros de guerra, como o envio de forças internacional de interposição?
Além disso, nós consideramos que um governo seja constitucionalmente obrigado a agir no interesse nacional. Que interesse tem o nosso país em que se continue uma guerra, se continue massacres e devastações, que pisoteiam todo direito humano? Nenhuma pessoa dotada de bom intelecto pode considerar menos que propaganda idiota as comparações com a guerra mundial das democracias contra o nazi-fascismo. O interesse europeu, econômico, político, cultural é que a guerra acabe, que a Federação Russa mantenha a sua estabilidade, que as relações econômicas e culturais com ela possam ser retomadas. O interesse nacional é que os recursos para o aumento dos gastos militares possam ser usados para manter as estruturas já em crise do nosso estado de bem-estar. Estamos assistindo a um vergonhoso aumento dessas despesas em todo o mundo, a um verdadeiro rearmamento alemão, enquanto despencam os investimentos em educação, saúde e serviços. Isso também é flagrantemente contrário ao espírito e letra da Constituição. É necessário um grande movimento de pessoas para forçar os governos europeus a uma mudança drástica de rota.
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“Os governos da UE invertem a rota belicista” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU