02 Dezembro 2025
A entrevista com o presidente da Comissão Militar da OTAN está envolta em polêmica. O Kremlin afirmou: "Isso demonstra a vontade de continuar avançando rumo à escalada". Mas "um ataque preventivo", argumentou o almirante italiano, "poderia ser considerado uma ação defensiva".
A informação é de Claudio Tito, publicada por La Repubblica, 01-12-2025.
"Ser mais agressivo ou proativo em vez de reativo é algo que estamos considerando." Os comentários de Giuseppe Cavo Dragone, presidente da Comissão Militar da Aliança Atlântica, em entrevista ao Financial Times, estão gerando controvérsia. Embora o almirante italiano nunca tenha mencionado um ataque militar contra a Rússia ou outros países, a resposta mais dura veio do próprio Kremlin, que aproveitou a oportunidade para aumentar as tensões.
"Acreditamos", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, "que a declaração de Giuseppe Cavo Dragone sobre possíveis ataques preventivos contra a Rússia é uma medida extremamente irresponsável, demonstrando a determinação da aliança em continuar caminhando para uma escalada". Ela considerou, portanto, uma "tentativa deliberada de minar os esforços para encontrar uma saída para a crise ucraniana".
Na realidade, Moscou pretendia interpretar as palavras do oficial da OTAN como uma ameaça que, na verdade, não foi feita. "Um ataque preventivo", argumentou Cavo Dragone, "poderia ser considerado uma ação defensiva". Portanto, adotar uma postura mais agressiva poderia ser uma opção. Isso também se deve ao fato de que os limites legais e éticos que a Aliança impôs a si mesma nos colocam em "uma posição mais difícil do que nossos homólogos". Mas a referência é especificamente a ataques híbridos e guerra cibernética, não à guerra tradicional. "Desde o início da Operação Sentinela do Báltico (a operação para defender as fronteiras orientais), nada aconteceu. Portanto", observou ele, "isso significa que essa dissuasão está funcionando".
A posição defendida por Cavo Dragone foi efetivamente endossada pela Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Externa, Kaja Kallas, durante os trabalhos do Conselho de Ministros da Defesa da UE. "O ministro lituano", relatou ela, "levantou a questão dos ataques híbridos também em relação à Bielorrússia e, especificamente, a balões originários desse território. Portanto, estamos discutindo o que podemos fazer a respeito."
Além disso, de acordo com Kallas, esta semana poderá ser "crucial" para a Ucrânia, tanto para as negociações de paz quanto para a proposta sobre o uso de ativos russos congelados, sobre a qual, conforme confirmado por Ursula von der Leyen, o texto da Comissão Europeia será divulgado nos próximos dias.
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