Na Zona Azul da COP30, manifestantes levam ‘boleto bancário’ para cobrar compromissos dos países ricos

Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

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14 Novembro 2025

Grupo também reivindica que recursos de fundos climáticas, como TFFF, cheguem diretamente às comunidades.

A reportagem é de Afonso Bezerra, publicada por Brasil de Fato, 13-11-2025.

O quarto dia da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, foi marcado por fortes manifestações de movimentos populares. Nesta quinta-feira (13), diversas organizações protestaram na entrada da Zona Azul, espaço oficial reservado para as negociações entre líderes dos países, e cobraram mais eficiência nas resoluções sobre o clima.

Antes mesmo do início das negociações, por volta das 8h da manhã, ativistas exibiam cartazes exigindo celeridade nas negociações e ampliação dos investimentos em projetos de mitigação e adaptação. O protesto também apontou contradições da Cúpula. Segundo o grupo, o mundo vive uma crise ambiental sem precedentes e que os principais responsáveis por ela “precisam arcar com os custos”.

Um pouco mais tarde, na mesma manhã, integrantes da Aliança dos Povos pelo Clima realizaram uma nova intervenção, exigindo mais recursos para financiar as atividades das populações ancestrais que preservam a natureza. O grupo defendeu uma gestão comunitária do Fundo Floresta Tropical para Sempre (TFFF), mais protagonismo dos povos da floresta e criticou a inércia internacional no cumprimento dos acordos sobre o clima.

Com uma cobra gigante e um boleto no chão, o grupo também expôs a parte que cabe aos países desenvolvidos nessa “dívida climática”.

“Conseguimos ocupar esse espaço e trazer esse ato de manifestação, que é uma cobrança. A gente trouxe a cobra como símbolo, mas ela representa o nosso ato de cobrar: somos nós que cuidamos da floresta, e os povos da floresta estão do lado de fora dessa COP, ou apenas circulando pelos corredores. Não há ninguém dentro das negociações”, afirmou o líder indígena Walter Kumaruara, da região do Tapajós, no Pará.

Walter participou também do ato realizado na última terça-feira (11), na entrada da zona sul, quando o grupo tentou furar a barreira de segurança. Houve confusão e uma pessoa ficou ferida.

No ato desta quinta-feira, os manifestantes voltaram a criticar o TFFF, uma das principais apostas do governo brasileiro nesta COP, e cobraram soluções inspiradas e voltadas para as comunidades tradicionais.

“A gente sabe que há muitas burocracias e olhares voltados para esse fundo, mas precisamos que os recursos cheguem diretamente às comunidades. Ainda há muitas discussões em andamento, mas reforçamos que as comunidades precisam estar inseridas nas decisões. Fazer isso a portas fechadas, sem entender as realidades dos territórios, não leva a nada.”

“Fala-se muito de ‘futuro ancestral’, mas essa responsabilidade não pode ser jogada só para nós. Os países que estão aqui também precisam se comprometer. Até o Acordo de Paris, assinado há anos, ainda não foi cumprido. Não basta assinar documentos, é preciso agir”, concluiu Walter.

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