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“A pobreza não é por acaso, ela é planejada”. Entrevista com Júlio Lancelotti

Fonte: Pixabay

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24 Outubro 2025

Nos últimos anos, diversos analistas apontam o recrudescimento da polarização política no Brasil. Mesmo sem negar esse acontecimento no caso da política institucional, outras correntes teóricas defendem que essa disputa [ou massacre] é inerente ou pressuposto básico ao atual sistema político-econômico. O padre Júlio Lancellotti define esse fenômeno de uma maneira bem didática: “No capitalismo, para que um esteja no iate, outro tem que estar na canoa”.

E outros, ainda segundo Lancellotti, enfrentam a tempestade atual a nado, sem nenhum tipo de suporte contra as intempéries do sistema. São justamente essas pessoas que o padre Júlio Lancellotti dedica sua vida e seu trabalho, ou seja, aos mais desfavorecidos, às pessoas em situação de rua, aos pobres, ou simplesmente aos “últimos”, como tem definido o Papa Leão XIV.

Essas e outras reflexões estão expostas nesta entrevista exclusiva, realizada antes do evento organizado pelo Fundo Haja, em Campinas (SP), no dia 17 de outubro, na sede do Sindipetro Unificado.

A entrevista é de Guilherme Weimann e Marcelo Aguilar, publicada por Sindipetro Unificado, 22-10-2025.

Eis a entrevista.

O senhor já disse que estamos todos na mesma tempestade. Mas alguns a enfrentam de iate e outros a nado. Se nos permite acrescentar, na mesma tempestade, tem gente enfrentando também com barquinhos ou com canoas. Como criar uma solidariedade entre os que estão a nado e os que estão lutando com essas embarcações menores?

Acredito que usando essa imagem, na qual existem várias formas de embarcação, a sociedade não é linear, ela é complexa. Pode haver solidariedade no iate, como pode haver solidariedade na canoa. E pode não haver solidariedade nem no iate, nem na canoa e tampouco nos que estão a nado. Porque cada um está se afogando e vai tentar resolver da sua maneira. Imagine se num desses barcos tiver uma boia, e jogar a boia no mar, alguém que está a nado ofereceria a boia para outro que precisa mais?

Então, a solidariedade numa sociedade desigual, ela está presente de diferentes maneiras, está ausente ou presente, e presente de uma forma que não para a tempestade e nem acaba com a desigualdade. Por isso, toda nossa atividade é conflitiva, contraditória, paradoxal, nada é linear, tudo é extremamente complexo. Nós podemos pedir que todos se ajudem, só que isso não é a mentalidade do mar que nós estamos nadando.

Nadar contra a corrente sempre é difícil, e muitas vezes nós estamos nadando contra a corrente. A ideologia dominante está na cabeça dos fracos também, e esse é o papel da ideologia dominante, dizer que aquele que está no iate mereceu, e aquele que está na canoa não mereceu, e às vezes o que está na canoa também pensa assim, que ele está na canoa porque não se esforçou o suficiente e a pessoa do iate está lá porque mereceu. A meritocracia, no sistema capitalista liberal, invade a todos.

O que nós temos que fazer é despertar a solidariedade que está dentro de cada um, não somos a ideologia dominante. Precisamos promover a leitura crítica de quem está no iate, de que ele está lá no pico da pirâmide, da desigualdade que isso representa, de que não é ético nem moral que ele esteja lá. E precisamos mostrar ao que está na canoa de que esse não é o seu destino, mas que ele está lá porque, no capitalismo, para que um esteja no iate, outro tem que estar na canoa.

Como o senhor definiria essa tempestade?

A tempestade é o sistema em que estamos vivendo. O Papa Francisco deixa isso muito claro na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, e agora o Papa Leão XIV na Exortação Apostólica Dilexi Te de que a pobreza não é por acaso. Ela é planejada, a falta de moradia também é planejada. Nunca se construiu tanto nas nossas cidades, e nunca teve tanta gente sem ter onde morar. Então, como é que se explica que tanta moradia seja feita? É que ela é feita para especular, para investimento. Não é feita para que todos tenham onde morar. É para que um pequeno grupo seja privilegiado, quando aqueles que constroem a casa, nela não habitarão.

O senhor vive de perto as piores consequências desse capitalismo selvagem que estava descrevendo. Durante o governo Bolsonaro, as pessoas voltaram a cozinhar com lenha, por conta dos preços abusivos do gás de cozinha. Como o senhor avalia as disputas em torno da Petrobrás e qual considera que é a sua importância estratégica para o país?

É difícil analisar, isso tem muitas particularidades. Mas, a gente tem que começar a pensar na questão do meio ambiente, na questão de uma energia alternativa, de que continuarmos na energia fóssil, do petróleo, é envenenar mais o mundo e a natureza. Acredito que precisamos encontrar outros caminhos, outras formas de energia alternativa, para que possamos ter um modelo de desenvolvimento que não seja esse que nós temos. Esse modelo é autofágico, ele se esgota, ele destrói a vida.

Agora, você vê, eu estive no Nordeste recentemente e vi as torres de energia eólica, e me contaram todos os problemas que esses aparelhos causam para a população próxima. Nós temos que encontrar formas de energia que não destruam a vida, que não perturbem a saúde mental das pessoas, que não destruam a natureza, que não envenene a água e os peixes, que tenha condições de que essa água possa irrigar a terra. Não é possível que não saibamos, no nível de desenvolvimento que estamos, como sair dessa lógica que é a lógica que mata.

Seu trabalho reverbera nacional e internacionalmente, mas está fincado na cidade de São Paulo. Como o senhor analisa as políticas, tanto da prefeitura quanto do governo do Estado em relação aos menos favorecidos?

Uma coisa que me incomoda é esse conceito de desfavorecidos. O que significa desfavorecido? Em alguma coisa eu também sou desfavorecido. O Papa Leão usa agora o termo de “os últimos”. O sistema é feito para mantê-los em último lugar. Tudo o que nós chamamos de política pública dentro do sistema capitalista neoliberal é a manutenção da miséria. Então, enquanto esse modelo não mudar, e isso diz o Papa Francisco, a lógica do sistema capitalista neoliberal é o descarte. Então, nós não mudaremos o descarte e não estancaremos o descarte enquanto não mudarmos o modelo.

Mas a mudança do modelo é demorada, é conflitiva, é histórica, muitos de nós vamos cair e tombar antes. Eu tenho claro que não verei essa mudança, eu luto por ela, mas não a verei. Acho que esse é o nosso caminho histórico, eu não luto para ver o resultado, eu acredito que outros verão, mas eu terei que lutar minha parte agora para que um dia alguém veja e viva esse resultado, eu acredito que ele vai demorar, eu já terei virado pó há muito tempo se isso acontecer, mas é um pó que vai ajudar a irrigar e fertilizar a terra onde a esperança vai brotar.

Nesse sentido, o que o emociona, o que ainda faz com que o senhor continue acreditando que é possível em meio a tanta desumanização?

Olha, como eu disse, remar contra a maré é difícil. Às vezes a gente fica muito machucado, muito ferido. A gente carrega muitas cicatrizes, eu na idade em que estou tenho muitas cicatrizes e muitas marcas, mas são as marcas do amor, e as marcas de ter lutado. Eu sei que na história um dia se poderá dizer, ‘aqueles que lutaram, que a gente nem lembra mais, não lutaram em vão’.

Como o senhor lida com esse ecossistema de ódio, do qual é vítima permanente?

Eu tenho clara uma convicção: quem está do lado dos desprezados, vai ser desprezado também. Quem está do lado dos que apanham, vai apanhar também. Enquanto você está do lado de quem é pisado, você vai ser pisado também. É uma lógica. O tempo todo ficam me falando, ‘vem pro lado de cá, que aqui você não vai se machucar’. E aí a gente insiste em ficar daquele lado, então você vai apanhar.

Aqui [no sindicato], vocês não apanham nessa cidade? Esse local aqui é bem-visto pela cidade? Eles dizem que vocês são um bando de que? Como é que a gente aguenta? A resposta talvez seja aguentando, se mantendo firme e resistindo. Sabendo que a gente escolhe um lado, esse lado tem um preço. Um lado sabe que vai ganhar e vai ficar de boa. A gente tem que saber perder, mas nós não sabemos perder. Para ganhar mais para frente, ou quem sabe um dia ganhar, sem ter certeza, a gente tem que lutar sem ter medo de perder, e acreditar na nossa luta.

O maior problema é o Bolsonaro que mora dentro de nós. Porque dentro de nós também tem um bolsonarinho, a gente tem que dominar ele, porque a gente reproduz muito o poder, a autoridade, isso está dentro de nós. A gente quer negar o conflito, e aí faz aliança e quando você faz aliança com a direita, eles vão te devorar.

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