22 Outubro 2025
Populares, o encontro promovido desde 2014 pelo Papa Francisco, que este ano, de 21 a 24 de outubro, será realizado em Roma, no edifício ocupado da SpinTime. O Cardeal Michael Czerny, Prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, apresentará a iniciativa: "Oitenta por cento da população mundial vive com menos de 20 dólares por dia", afirma. "A grande maioria está impedida de se desenvolver plenamente. Não acreditamos em paternalismo, mas em comunidades participativas. É por isso que a sociedade deve ouvir esses movimentos. E a Igreja deve fazer o mesmo."
A informação é de Giuliano Santoro, publicada por il Manifesto, 16-10-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Para o cardeal, "solidariedade também significa lutar por direitos e combater os efeitos do império do dinheiro. É por isso que, como dizia o Papa Francisco, devemos envolver os movimentos na construção de um destino comum." Haverá mais de 150 delegados de todo o mundo, e todas as noites, após a conclusão dos trabalhos, nos deslocaremos para Piazza Vittorio para nos reunirmos com a sociedade civil. Discutiremos os três T (terra, teto e trabalho), bem como democracia, migração e mudança.
A gente se perguntava se o Papa Leão seguiria o caminho traçado por Bergoglio; a notícia do dia é que o novo pontífice receberá em audiência os movimentos populares: isso acontecerá em 23 de outubro.
"O que estamos prestes a celebrar não é um evento isolado", disse o Padre Mattia Ferrari, capelão da Mediterranea Saving Humans, que coordenou os trabalhos preparatórios. "É uma etapa de um processo que começou há anos. Os movimentos estão se unindo para lutar juntos. Os primeiros encontros ajudaram os movimentos populares a ganhar reconhecimento como atores; agora, trata-se de caminhar juntos e manter relações com a Igreja e outros atores sociais." E mais: "Sabemos que esse encontro acontece em um momento muito difícil, em meio a guerras, à ditadura econômica que mata, à crise ecológica e aos migrantes atingidos nas fronteiras. Todos esses sofrimentos são nossos."
Micheline Mwendike Kamate, ativista congolesa e fundadora de um movimento pela democracia, direitos e justiça social, também está presente. "Não é fácil pensar na mudança porque às vezes nos sentimos impotentes", diz ela. "Mas devemos considerar que 1% da população mundial possui 90% dos recursos. Sempre quis a paz e nunca a experimentei; agora a vejo no encontro com outros movimentos populares.
Nos uniremos não para reclamar, mas para nos fortalecermos e darmos esperança uns aos outros, para dizermos que somos protagonistas. Precisamos de liberdade, fraternidade, acesso aos recursos e de fazer parte do mundo sem sofrimento." Ela então lembra que Francisco dizia que "o futuro está nas mãos dos povos e em sua capacidade de se organizar". Para se organizar, é preciso agir com independência. Para compreender o papel da Igreja, o pe. Mattia conta a história de Hassan Zakaria, da Refugees in Libia: "Em 2021, eles tinham dificuldades para serem ouvidos. Falaram com o Papa Francisco, que então falou sobre o tema no Angelus. E então muitos bispos telefonaram para os refugiados. Relembrando aqueles dias, Hassan nos diz que a esperança é viver a solidariedade”. A esperança é se tornar sujeito, encontrar os outros para nos fortalecermos, nos organizarmos, "mostrar que existimos", acrescenta Mwendike Kamate.
A esse ponto, surge a inevitável pergunta sobre o local escolhido para o encontro: "Vocês têm certeza de que, ao fazê-lo, não estão incentivando a ilegalidade?". Ele até cita a Gaudium et Spes, um documento fundamental do Concílio Vaticano II: "Aquele, porém, que se encontra em extrema necessidade, tem direito de tomar, dos bens dos outros, o que necessita". "O SpinTime acolhe cerca de 400 pessoas de 27 nacionalidades, há dezenas de associações", afirma o Padre Mattia. "Não é uma escolha provocativa, mas sim de valor pela vida e as relações que aquela comunidade tem com outros movimentos populares."
Mwendike Kamate capta o ponto com palavras simples e radicais: "A legalidade é frequentemente usada como uma barreira que impede os pobres de se expressarem." Outra pergunta: é verdade que suas relações são principalmente com a esquerda? "Não seguimos ninguém. Se os partidos escutam, ficamos felizes. Mas os movimentos são algo separado.
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