09 Outubro 2025
Embora tenha havido especulações de que o primeiro documento papal estaria relacionado à inteligência artificial, entre outros temas, Leão surpreende e deixa um precedente inquestionável sobre qual é seu caminho magistral.
O artigo é de Alberto Roseli, diácono e jornalista, publicado por Religión Digital, 09-10-2025.
Eis o artigo.
Aqueles dias de luto pela morte de Francisco e de expectativa sobre quem o sucederia no papado parecem distantes.
Também é verdade que a eleição de Leão XIV, mais cedo do que tarde, suscitou uma alegria pacificadora ao vermos como os seus primeiros sinais revelavam um espírito mais próximo do pontificado de Francisco do que de qualquer outra coisa que atrase, mais voltado para viver a fé servindo corpo a corpo, como o próprio Jesus ensina no Evangelho, menos necessitado de intérpretes rígidos do que de mãos abertas e disponíveis para acolher e promover.
É verdade que mesmo aqueles que resistem apenas em nome da tradição e da doutrina deformadas continuam insistindo em defender o indefensável, expondo a própria mediocridade graças à obra inexorável do tempo em sua evolução.
Foi nestas últimas horas, precisamente no dia em que a Igreja celebra a memória de um dos maiores santos, São Francisco de Assis, que o Papa Leão decidiu dar o sinal mais claro do seu pontificado: a assinatura do seu primeiro documento pontifício, uma exortação apostólica chamada Dilexi te, sobre o amor aos pobres, segundo a informação oficial e maravilhosamente surpreendente publicada no Vatican News.
Poucos minutos se passaram antes que surgisse a primeira referência ao seu conteúdo. A primeira informação era que ele seria apresentado no dia 9 de outubro.
Quando lemos que o conteúdo seria sobre "amor aos pobres", nossa alegria se multiplicou; assim como a certeza de que o Cardeal Michael Czerny seria um dos responsáveis pela apresentação, referindo-se claramente a um pastor dedicado que trabalhava pelos mais necessitados.
"Dilexi te"
O nome deste primeiro documento papal soa muito semelhante ao Dilexit Nos de Francisco, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. O comunicado de imprensa oficial traduz a expressão latina como “Eu te amei”.
Ainda não é possível saber se o Papa se inspirou no texto de Jeremias 31,3, embora este tenha despertado uma expectativa ansiosa, enquanto alegria e tranquilidade espiritual fermentam em igual medida na mente e no coração com este anúncio.
Enquanto se especulava que o primeiro documento papal se referiria à inteligência artificial, entre outros temas, Leão surpreende e deixa um precedente inegável para seu caminho magistral: evangelho puro com preferência pelos pobres em todos os seus sentidos, e uma Igreja que só será coerente com seu Fundador se fizer do serviço sua missão.
Só nos resta esperar. Serão apenas alguns dias. Mas o primeiro sinal do Papa Leão parece não deixar dúvidas. Também não deixa dúvidas sobre a crescente importância e influência do Papa Francisco como profeta, pastor, místico e corajoso arauto da Boa Nova, que, embora possa parecer óbvia e nem sempre é, é Jesus vivo entre nós.
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