27 Agosto 2025
A última mensagem nas redes sociais tem um título revelador: "Chore e reze". Para aqueles familiarizados com a extrema atenção que o Padre Gabriel Romanelli tem dedicado à comunicação ao longo destes meses, a mensagem é clara: a situação na Cidade de Gaza é terrível. E a Paróquia da Sagrada Família, com seus 450 refugiados, não é exceção ao quadro geral.
A reportagem é de Francesca Caferri, publicada por La Repubblica, 27-08-2025.
Há dois dias, foi emitida uma ordem de evacuação para a área onde se encontra o complexo cristão. Até agora, a ordem de desocupação se referia apenas às áreas circundantes. Nunca afetou diretamente a vizinhança paroquial. Além disso, nenhuma informação específica, nenhuma comunicação, nenhum pedido chegou aos padres ou ao Patriarcado Latino de Jerusalém, responsável pela comunidade. Essa falta de orientação se traduz em caos e incerteza, e na manhã de ontem os dois patriarcas — o patriarca latino, Cardeal Pierbattista Pizzaballa, e o patriarca ortodoxo, Teófilo, que visitaram o complexo juntos após o bombardeio de julho, no qual três refugiados foram mortos por projéteis israelenses — emitiram uma declaração conjunta.
Desde o início da guerra, o complexo ortodoxo grego de São Porfírio e o complexo latino da Sagrada Família têm sido refúgio para centenas de civis. Entre eles, idosos, mulheres e crianças. No complexo latino, acolhemos pessoas com deficiência há muitos anos, assistidas pelas Irmãs Missionárias da Caridade. Assim como outros moradores da Cidade de Gaza, os refugiados que vivem nas instalações terão que tomar uma decisão consciente sobre o que fazer. Entre aqueles que buscaram abrigo dentro dos muros do complexo, muitos estão debilitados e desnutridos devido às dificuldades dos últimos meses. Deixar a Cidade de Gaza e tentar fugir para o sul equivaleria a uma sentença de morte. Por essa razão, os padres e freiras decidiram permanecer e continuar cuidando de todos aqueles que se encontram nos dois complexos.
Algumas linhas que não descartam a possibilidade de que, nas próximas horas, os portões do complexo, que até agora abrigou 450 pessoas, possam se abrir para deixar sair aqueles que desejam se juntar ao êxodo. Mas aqueles que podem fazer essa escolha são um pequeno número: não os idosos e os doentes crônicos, acamados por meses. Não as sessenta "crianças borboleta" — afetadas por uma mutação genética que as mataria ao contato com o sol — cuidadas pelas freiras de Madre Teresa. Não aqueles que estão muito fracos pela fome.
Há semanas, todo o Vaticano — e, portanto, não apenas o Patriarcado — vem pedindo o estabelecimento de "zonas seguras" em Gaza para os doentes, feridos e vulneráveis: a Igreja, mas também hospitais e escolas. O pedido permanece sem resposta há meses. Por isso, também ontem, Pizzaballa e Teófilo enfatizaram que o destino dos cristãos não é separado do restante da população. "Não sabemos o que acontecerá não apenas com a nossa comunidade, mas com toda a população. Só podemos repetir o que já dissemos: não pode haver futuro baseado na prisão, no deslocamento de palestinos ou na vingança", escreveram os patriarcas.
Essas palavras ecoam as proferidas no último sábado pelo Papa Leão: "Nenhum povo pode ser forçado ao exílio". O Pontífice, que nos últimos meses não desenvolveu uma relação direta com os cristãos de Gaza como a do Papa Francisco, tem acompanhado de perto a situação deles desde a sua posse. Sua intervenção nas próximas horas – oficial ou não – não está descartada.
A natureza dramática da situação exige isso: "Parem a guerra! Todos estão pedindo o fim da guerra. É nisso que precisamos pensar. Precisamos da ajuda da comunidade internacional para acabar com essa guerra, porque é uma loucura! Não pode continuar assim", disse George Anton, chefe do comitê de emergência da Igreja da Sagrada Família, ontem, quando contatado pelo blog de notícias católicas Fra Cielo e Terra.
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