21 Agosto 2025
Vistos revogados para 6 mil estudantes estrangeiros e reduzido pela metade (se não mais) o número de refugiados admitidos nos Estados Unidos. A política de controle de fronteiras que norteia o governo de Donald Trump está se tornando cada vez mais rigorosa, a ponto de efetivamente se traduzir num verdadeiro fechamento.
A reportagem é de Angela Napoletano, publicada por Avvenire, 20-08-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
O magnata havia anunciado a suspensão do programa de acolhimento de refugiados poucas horas após sua posse na Casa Branca, em 20 de janeiro, por não ser compatível com "a disponibilidade de recursos". No início de agosto, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos informou extraoficialmente os escritórios locais sobre o restabelecimento parcial do plano, estabelecendo em 40 mil o limite máximo de pessoas autorizadas a se mudar para os Estados Unidos para escapar da perseguição com base em raça, religião, nacionalidade ou pertencimento político.
Em 2024, quando o democrata Joe Biden era presidente, 100 mil refugiados foram acolhidos e colocados sob proteção dos Estados Unidos. Em 1980, foram mais de 200 mil. Um porta-voz da Casa Branca enfatizou que a decisão não é definitiva e que a restrição atual é "pura especulação". Enquanto isso, porém, todos estão avisados. Há um detalhe da iniciativa que, se confirmado, preocupa os especialistas: o status de refugiado será concedido em maior número aos africâneres, uma minoria sul-africana de origem holandesa e, portanto, branca, que, segundo Trump, sofre sistemática discriminação. Tema recorrente na retórica do Make America Great Again, que corre o risco de bloquear a ajuda para aqueles que fogem da violência em países como Congo, Sudão e Somália. Além dos africâneres, Trump poderia acolher alguns afegãos que auxiliaram o governo dos Estados Unidos durante o conflito no Afeganistão e ucranianos. As vagas não designadas poderiam eventualmente ser alocadas a outras nacionalidades.
Nesse meio tempo, o Departamento de Estado está intensificando a pressão contra estudantes estrangeiros, anunciando a revogação de vistos de estudo para 6 mil pessoas. A maioria delas, aproximadamente 4 mil, terá que deixar o país por estar com o prazo de residência expirado ou por ter sido fichada. No foco das autoridades, calibrado graças ao controle nas mídias sociais, estão jovens que já se envolveram em crimes como agressão, roubo ou dirigir embriagado. Uma pequena minoria (200 a 300 casos) será afastada por vínculos com organizações terroristas. Esta última medida se coloca na esteira das manobras de Trump para limpar os campi estadunidenses de grupos pró-palestinos que, durante a guerra entre Israel e o Hamas, organizaram manifestações de solidariedade em apoio a Gaza. Essa linha de conduta gerou um rompimento com algumas das universidades mais prestigiadas do país, que foram apontadas como redutos do antissemitismo. Diplomatas estadunidenses no exterior foram solicitados a ficarem vigilantes contra aqueles que buscam um visto para Washington com um histórico de ativismo político contrário à política externa dos Estados Unidos. Segundo a associação Open Doors, havia 1,1 milhão de estudantes internacionais no ano letivo de 2023-24. O trumpismo também atingiu o coração do Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS), que ordenou a adição de um novo item aos critérios usados para avaliar os pedidos de cidadania estadunidense: "boa conduta moral". Para os encarregados, trata-se claramente de uma estratégia para rejeitar os pedidos e desencorajar os candidatos a apresentar pedidos.