A Universidade de Chicago teme perder 6 mil estudantes chineses devido às medidas de Trump

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23 Julho 2025

O governo republicano se concentraria em investigar estudantes portadores de visto que estudam em "áreas críticas" e "aqueles com laços com o Partido Comunista Chinês".

A reportagem é publicada por Página|12, 23-07-2025. 

A Universidade de Chicago (UC), uma das universidades mais prestigiadas do mundo, com 101 ganhadores do Prêmio Nobel, também está sob o escrutínio do governo Donald Trump, que busca eliminar cerca de 6 mil estudantes chineses de suas matrículas.

De acordo com um documento interno da universidade com mais de 200 páginas, o Departamento de Justiça dos EUA e o Departamento de Segurança Interna solicitaram informações sobre "admissões e práticas de estudantes internacionais". "Investigações ou inquéritos futuros poderão ser conduzidos", afirma o comunicado, alertando para o impacto financeiro da perda de estudantes internacionais, que representam 1 a cada 5 dos quase 60 mil alunos da UC. Desse total, há mais de 6 mil estudantes chineses no campus de Hyde Park, representando o maior grupo de estudantes internacionais.

Os subsídios

Os documentos observam que o impacto financeiro imediato sobre a Universidade não seria significativo, mas "esses e outros eventos envolvendo o governo federal poderiam, direta ou indiretamente, ter um efeito adverso substancial sobre o perfil financeiro e o desempenho operacional da Universidade", afirmam. Observam também que aproximadamente 18% da receita da UC durante o último ano letivo veio dos US$ 543 milhões em fundos federais que recebe, que correm o risco de serem descontinuados.

A universidade já perdeu diversas bolsas federais, incluindo as dos Institutos Nacionais de Saúde e da Fundação Nacional de Ciências, embora tenha recorrido das decisões e ainda não tenha perdido dinheiro, de acordo com o documento. Isso ocorre um mês após o secretário de Estado, Marco Rubio, anunciar que o governo Trump revisaria os critérios de visto sob o pretexto de aprimorar a análise de candidaturas de estudantes da China e de Hong Kong no futuro. O funcionário afirmou que o governo se concentraria em portadores de visto que estudam em "áreas críticas" e "aqueles com vínculos com o Partido Comunista Chinês".

Em Illinois, outras universidades privadas e estaduais relataram cancelamentos de vistos em campi por todo o estado, interrompendo a vida dos alunos, deixando professores e funcionários sem saber como oferecer orientação e ameaçando a saúde financeira das próprias instituições. Até o momento, sabe-se que estudantes internacionais da Universidade de Illinois em Chicago, da Universidade Estadual de Illinois, da Universidade do Sul de Illinois, da Universidade do Noroeste e da Universidade do Norte de Illinois foram afetados. Há mais de 62 mil estudantes universitários internacionais no estado, ocupando o quinto lugar no país, de acordo com dados da Associação de Educadores Internacionais, divulgados pela agência de notícias EFE.

Cortes de financiamento

Junto com a tensão com a UC, a disputa da Casa Branca com outras instituições de ensino continua. A audiência sobre a legalidade do bloqueio de financiamento da Universidade Harvard pelo governo Trump foi concluída em um tribunal de Boston sem decisão, mas a juíza federal responsável pelo caso criticou abertamente a ação do governo e afirmou que tentará emitir sua decisão o mais breve possível. "Qual é a relação entre antissemitismo e cortes (de verbas) para, por exemplo, pesquisas sobre o câncer?", perguntou a juíza Allison D. Burroughs, que enfatizou sua fé judaica no tribunal, lotado de jornalistas e público, segundo a imprensa americana.

No início deste ano, o governo exigiu que a instituição tivesse permissão para supervisionar suas admissões, contratações e a ideologia de seus alunos e funcionários. Harvard se opôs ao pedido, e o governo anunciou que congelaria mais de US$ 2 bilhões em financiamento federal para a instituição, desencadeando uma ação judicial movida pela instituição. A universidade argumentou em sua ação judicial que os cortes de financiamento afetam programas de pesquisa médica, científica e tecnológica. As tensões entre os dois lados aumentaram há alguns meses, quando Trump tentou proibir Harvard de matricular estudantes internacionais, uma medida que a própria Burroughs bloqueou por tempo indeterminado.

Em vez disso, na semana passada, a Universidade de Columbia adotou uma definição de antissemitismo para apaziguar Trump enquanto negocia com o governo do presidente dos EUA, que a acusou de não proteger os direitos dos estudantes judeus e congelou parte do financiamento federal para a instituição, incluindo US$ 400 milhões em bolsas e contratos.

"A Columbia está comprometida em tomar todas as medidas possíveis para combater o antissemitismo, e a Universidade continua dedicada a garantir que denúncias de discriminação e assédio de todos os tipos, incluindo aquelas relacionadas à identidade judaica e israelense, sejam tratadas com igualdade", anunciou a reitora interina da universidade, Claire Shipman, em carta aberta. Ela também anunciou que a instituição fortalecerá o treinamento antissemitismo para toda a sua comunidade, em parceria com diversas organizações judaicas nacionais, incluindo a Liga Antidifamação.

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