08 Agosto 2025
Impulsionados por incêndios florestais, os alertas de desmatamento na Amazônia cresceram 4% de agosto do ano passado até 31 de julho deste ano. No mesmo período, o Cerrado registrou redução [21%] no desmate – a primeira queda em quatro anos –, assim como o Pantanal. Os dados são do Sistema DETER, do INPE, e foram divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) nesta 5ª feira (7/8).
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 07-08-2025.
Como a Folha assinalou, os alertas de desmate cobriram cerca de 4.495 km² na Amazônia, a segunda menor área da série histórica iniciada em 2015/2016. A área é 4% maior que a do ciclo anterior (2023/2024), quando houve desmate de 4.321 km², o menor da série. O ciclo anual anterior teve a maior redução de desmatamento na série histórica (quase 50%), após o índice explodir no governo Bolsonaro.
Dos nove estados da Amazônia Legal, o Pará concentrou 29% das áreas desmatadas no período. Mato Grosso, porém, teve a alta mais significativa, com crescimento de 74% da supressão da vegetação em um ano, de acordo com O Globo.
O DETER mostrou que, após um 2024 com recorde de incêndios florestais, o fogo foi o principal responsável pela destruição da Amazônia. O secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, destacou a queda de 8% nos alertas de desmate por corte raso no período. “O corte raso historicamente degradava a Amazônia desde o fim do regime militar”, disse.
Já os alertas de desmatamento no Cerrado totalizaram 5.555 km² entre agosto de 2024 e julho deste ano, ante 7.014 km² do ciclo anterior. A redução contou com quedas significativas no Maranhão (-34%), em Minas Gerais (-34%) e Tocantins (-29%), registrando acréscimo apenas no Piauí (33%). Desde o acumulado de 2018/2019 o bioma não registrava redução da sua degradação.
Para o Pantanal, o monitoramento começou em 2023. Portanto, pela primeira vez foi possível comparar dois anos-referência para o bioma. O desmatamento de 2024 a 2025 foi de 319 km², 72% a menos que os 1.148 km² do ciclo anterior.
“Na Amazônia, temos quase um empate com o ano passado. O ruim é a interrupção do ciclo de queda nos alertas de desmatamento que o governo vinha gerando. Mas poderia ser pior, se o Ibama não tivesse agido firmemente com embargos sobre desmatamentos ilegais. Mas continuamos com muita Amazônia sendo devastada, impulsionada por forças como o Congresso, os governos locais e até mesmo setores do governo federal”, frisou Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.
g1, Agência Brasil, Estadão, Valor, Pará Terra Boa, InfoMoney, R7 e Gigante 163 também noticiaram os dados de desmatamento do DETER.
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