ONG diz que Europa faz "greenwashing" à custa de africanos

Foto: Fadel Senna/AFP | DW

Mais Lidos

  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS
  • Diaconato feminino: uma questão de gênero? Artigo de Giuseppe Lorizio

    LER MAIS
  • Venezuela: Trump desferiu mais um xeque, mas não haverá xeque-mate. Artigo de Victor Alvarez

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

21 Fevereiro 2025

Segundo relatório do Greenpeace, a União Europeia investe em projetos de energia verde no Marrocos e Egito para atender às próprias necessidades, enquanto esses países seguem dependentes de "energia suja".

A reportagem é publicada por DW, 20-02-2025.

Países europeus recorrem à energia renovável no Marrocos e Egito para diminuir suas emissões e tornar suas economias mais verdes, deixando a conta ambiental para as populações desses países, que seguem dependentes de fontes energéticas altamente poluentes e recebem pouco em troca. A acusação foi feita em relatório da ONG ambientalista Greenpeace divulgado nesta quarta-feira (19/02).

Segundo o Greenpeace, projetos que produzem energia renovável e com baixa emissão de carbono para exportação com apoio da União Europeia estariam comprometendo a capacidade desses países de descarbonizar suas próprias economias, desalojando comunidades locais e consumindo milhões de litros de água – às vezes, em lugares onde esse recurso já é escasso.

A ONG afirma que isso ocorre enquanto Marrocos e Egito seguem importando combustíveis fósseis para manter suas próprias economias em funcionamento.

"Apesar de esses investimentos [europeus em energia] frequentemente serem retratados como mutuamente benéficos ou 'verdes', a realidade é que eles primariamente servem mercados europeus e externalizam os custos ambiental e social do crescimento da Europa para o Sul Global", consta do relatório.

Demanda europeia também por gás

Mas para além da energia limpa, os europeus também têm demandado as reservas de gás egípcio. O interesse cresceu na esteira da invasão da Ucrânia, que forçou a UE a procurar alternativas ao gás russo.

Isso trouxe consequências ambientais, alega o Greenpeace. A exploração desenfreada de gás e petróleo por empresas teria provocado erosão do solo e contaminação das reservas de água do Egito.

Além disso, o Egito estaria agora recorrendo a fontes de energia ainda mais poluentes a fim de liberar mais gás para exportação. O relatório cita o "mazut", uma "mistura de hidrocarbonetos pesados contendo toxinas, como sulfetos e metais pesados".

Investimentos europeus reforçam "relações neocoloniais"

Segundo o Greenpeace, os investimentos europeus em energia e agricultura no Marrocos e Egito reforçam as "relações neocoloniais" com políticas extrativistas, que pouco ajudam as economias locais e só aprofundam desigualdades.

O relatório aponta que países menos desenvolvidos no Oriente Médio e Norte da África "estão presos em modelos econômicos extrativistas e neocoloniais" que agravam a crise da dívida e alimentam a crise climática numa região que está aquecendo duas vezes mais do que a média global.

O Greenpeace também afirma que os investimentos europeus no setor agrário no Marrocos e no Egito estão focados em culturas para exportação, como tomates e cítricos, que demandam grande quantidade de água e, portanto, agravam a escassez do recurso em uma região que já sofre com o problema.

Leia mais