10 Janeiro 2025
Depois de vinte e cinco anos na liderança da diocese, o conservador Dominique Rey foi obrigado pelo Papa a se demitir, principalmente por causa de sua má administração financeira.
A reportagem é de Sarah Belouezzane, publicada por Le Monde, 09-01-2025.
Ele resistiu pouco mais de um ano antes de se demitir. Na manhã de terça-feira, 7 de janeiro, o polêmico bispo da diocese de Fréjus-Toulon, Dominique Rey, enviou sua renúncia ao Papa Francisco, que a aceitou imediatamente. O gesto de Rey era muito aguardado em Roma, onde a gestão de sua diocese, considerada mais que arriscada, não era muito apreciada. Entre as críticas feitas ao bispo estão a catastrófica situação financeira, sua aceitação de padres recusados em outros lugares, sua perda de controle sobre as comunidades de sua diocese e o alto número de missas de tipo tradicional. Tanto é assim que o papa proibiu esse bispo de ordenar novos padres em junho de 2022. O pontífice também ordenou uma investigação apostólica, que levou o Vaticano a nomear François Touvet como coadjutor em novembro de 2023. Há pouco mais de um ano, portanto, D. Rey, de 72 anos, está sob tutela e convive com outro bispo encarregado de governar a diocese em seu lugar.
Oficialmente, D. Rey poderia ter permanecido até 2027, data de sua aposentadoria.
Extraoficialmente, a Santa Sé estava apenas esperando que o histórico bispo de Fréjus-Toulon, nessa situação insustentável, renunciasse por sua própria vontade. O que ele havia se recusado a fazer até então.
Vendo que o bispo Rey estava demorando muito para decidir, o núncio do Vaticano na França, Celestino Migliore, disse a ele em um encontro no outono de 2024 que tinha chegado a hora de pensar na demissão. Esse pedido foi confirmado pelo próprio Papa no final de novembro de 2024, quando o bispo foi a Roma com os representantes eleitos da região do Var que queriam se encontrar com o Pontífice. “É uma boa notícia, a situação ficará mais clara”, comentou uma fonte do Vaticano na manhã de terça-feira. “Ele é obediente, não é rebelde de forma alguma”, dizem na comitiva de D. Rey, que não esconde o fato de que o bispo, que permaneceu em sua diocese por vinte e cinco anos, teria gostado de se manter por mais tempo.
No entanto, este último ano não parece ter sido fácil para seu vice, que está determinado a colocar em ordem os assuntos humanos e financeiros de Fréjus-Toulon. “No dia a dia, não foi nada fácil. Oficialmente, tudo estava bem. Mas, nos bastidores, D. Rey estava constantemente obstruindo D. Touvet: nunca o informava sobre o que iria fazer ou dizer, confrontando-o com um fato consumado”, conta uma fonte bem informada. O fato é que, durante muito tempo, a diocese de Fréjus-Toulon havia sido vista com bons olhos, até mesmo com admiração, por suas numerosas vocações de jovens padres, enquanto em outros lugares elas estavam se esgotando, e por suas igrejas com bancos cheios, enquanto em outros lugares estavam se esvaziando. Um dinamismo que foi possibilitado na realidade por uma ausência total de seleção, que levava o bispo a aceitar candidatos com personalidades consideradas imaturas ou problemáticas em outros lugares. Jovens a quem a ordenação havia sido recusada em outras dioceses encontravam refúgio junto a D. Rey. Da mesma forma, sob sua liderança, o número de missas tradicionais em latim tornou-se cada vez mais importante, tornando a diocese um ponto de encontro para um específico catolicismo francês particularmente conservador.
Transformando, assim, seu bispo numa figura de destaque dessa tendência.
A essas problemáticas se somou uma má administração financeira, com a diocese apresentando déficit estrutural. Isso levou a algumas decisões complicadas, como a decisão de abandonar o sistema de mútua de seguros comum a todas as dioceses, “considerado muito custoso”, de acordo com uma fonte informada da questão, e substituído por “um sistema que não funciona”, acrescenta essa pessoa. Ou o salário básico dos padres, que não é aumentado há tempo. “Fui criticado pelas disfunções na gestão econômica e financeira da diocese. Respondi a essas críticas ponto por ponto, de forma factual e documentada, com base em relatórios de especialistas e auditorias”, explicou Rey em uma entrevista ao Le Figaro na terça-feira. Não o suficiente para convencer o Vaticano.
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As razões para a demissão do bispo conservador de Fréjus-Toulon - Instituto Humanitas Unisinos - IHU