26 Junho 2024
A reportagem é de Jesus Bastante, publicada por Religión Digital, 26-06-2024.
Está Roma bloqueando a ordenação de seminaristas de comunidades tradicionalistas? O burburinho ecoa nos círculos da ultradireita eclesial, ligado a um hipotético fim da permissão para a liturgia pré-conciliar e às dificuldades para celebrar neste rito após a ordenação. Agora, conforme relata a congregação dos Missionários da Divina Misericórdia, cinco seminaristas desta vertente tradicionalista estão há dois anos aguardando para serem ordenados diáconos.
Por quê? A princípio, poder-se-ia pensar que isso se deve à ligação deles com a diocese de Fréjus-Toulon e sua inclinação tradicionalista, que levou o Vaticano a intervir no bispado e a paralisar as ordenações até alguns meses atrás. No entanto, como explica o superior Jean-Raphaël Dubrule, a razão está "na celebração segundo o ritual antigo previsto nos estatutos da comunidade".
"Após muitas conversas com as autoridades romanas competentes, lideradas por Dom Touvet (coadjutor imposto por Roma para a diocese francesa), a quem agradeço calorosamente pelo grande apoio à nossa comunidade, parece que a situação está bloqueada não apenas pelo ritual de ordenação, mas também pela possibilidade de os futuros sacerdotes poderem celebrar no rito antigo. As autoridades romanas não estão seguras desta possibilidade, então é possível que os candidatos sejam ordenados sem o direito de celebrar conforme o rito antigo. Portanto, não poderiam exercer seu ministério dentro da comunidade e de acordo com os estatutos".
"Diante do grande número de perguntas dos fiéis, consideramos necessário explicar por que está demorando tanto e o que está em jogo para nós. O objetivo é fazer um apelo à oração intensa enquanto continua o diálogo com as autoridades romanas. Este calvário não nos faz lamentar de forma alguma o trabalho de integração diocesana que a comunidade está realizando e experimentando. Chama a renovar a oração e a vigilância", conclui o superior dos Missionários da Divina Misericórdia.
Esta associação tradicionalista, fundada em Toulon em 2005, atualmente conta com 22 membros, incluindo sete sacerdotes, um diácono, dois irmãos e 12 seminaristas, e defende a celebração da missa no rito pré-conciliar, algo que pode conflitar com o motu proprio Traditionis custodes, que obriga os sacerdotes ordenados após 2021 a solicitar formalmente ao seu bispo, e este a Roma, permissão para celebrar segundo a liturgia anterior a 1962.
Nas últimas semanas, nos círculos tradicionalistas, há o temor de que o Vaticano queira restringir ainda mais a celebração da liturgia conforme os livros de 1962. Esses rumores foram avivados nesta segunda-feira, depois que o Papa recebeu o prior do Instituto Cristo Rei, Giller Wach, que celebra a liturgia no rito pré-conciliar. Por enquanto, são apenas rumores convenientemente divulgados pelos setores mais tradicionalistas da Igreja Católica, em meio à deriva demonstrada por alguns de seus antigos defensores, como Carlo Maria Viganò ou os lefebvrianos.
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Roma diz 'Não' à ordenação de padres vindos de seminários tradicionalistas? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU