17 Dezembro 2024
Resultado frustrante da negociação sobre financiamento pode dificultar aumento da ambição dos compromissos climáticos dos países sob o Acordo de Paris na COP de Belém.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 17-12-2024.
A próxima Conferência da ONU sobre Mudanças do Clima (COP30) programada para acontecer em Belém (PA) daqui a 11 meses será crucial para o futuro do Acordo de Paris e do esforço climático global. Para o Brasil, anfitrião dessas negociações pela 1ª vez, a COP30 também será uma oportunidade de demonstrar para o mundo as soluções que estão sendo pensadas e implementadas no país, especialmente na seara da restauração florestal, da sociobiodiversidade e da bioeconomia.
O Valor estreou um especial que abordará os principais pontos das negociações climáticas ao longo de 2025, com vistas à Conferência de Belém. Além das negociações da diplomacia, a COP também servirá como espaço para destacar a realidade da crise climática na região amazônica, que abriga a maior floresta tropical do planeta e que sofre com o desmatamento e os efeitos do clima extremo.
O panorama das negociações climáticas é bastante desafiador. A frustração dos países em desenvolvimento com a nova meta de financiamento climático definida de forma polêmica na última COP29 de Baku pode comprometer as discussões do que deve ser o principal tópico de negociação: a ambição das novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) dos países sob o Acordo de Paris.
Poucos países apresentaram suas novas NDCs, entre eles o Brasil. Com o resultado ruim das negociações sobre o financiamento, muitos especialistas temem que as NDCs acabem sendo contaminadas por esse mal-estar, o que se refletiria em compromissos menos ambiciosos. Isso inviabilizaria o limite de 1,5°C de aquecimento neste século, objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris.
Além da discussão internacional, a COP30 também será uma oportunidade para incentivar a reflexão e o debate público sobre mudanças climáticas no Brasil, especialmente na Amazônia. Por essa razão, um grupo de cientistas, empresários e personalidades divulgou um manifesto em defesa da COP de Belém. Batizado de “Todos pela COP30”, o movimento pretende traçar planos para apoiar e amplificar o potencial da Conferência. Folha e Pará Terra Boa deram mais detalhes.
Um desafio fundamental nesse esforço de amplificação do potencial da COP30 está na própria região de Belém. Como o Estadão destacou, enquanto a capital paraense corre para terminar as obras de infraestrutura e a ampliação de sua rede hoteleira, a vizinha Marituba está se tornando uma “zona de sacrifício”, recebendo lixo de Belém.
Cerca de 1,05 mil toneladas de resíduos saem diariamente de Belém em direção ao aterro sanitário de Marituba. Enquanto concessionária, prefeituras e o Ministério Público paraense seguem em um embate na Justiça sobre o futuro do aterro, a população que vive nas proximidades reclama do mau cheiro e do convívio com ratos e outros bichos.
O governo federal vem trabalhando de forma intensa para “preparar o terreno” para a COP30. Um levantamento feito pelo Fiquem Sabendo e divulgado pela VEJA indicou que o governo realizou cerca de 600 reuniões sobre o tema desde 2023, incluindo agendas nacionais e internacionais. Por ora, os principais envolvidos são aqueles que estão na linha de frente da organização da COP – o secretário extraordinário para a COP30, Valter Correia da Silva (173 reuniões) e seu diretor de projetos, Olmo Borges Xavier (176).
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Os caminhos e as armadilhas na COP30 de Belém - Instituto Humanitas Unisinos - IHU