29 Novembro 2024
Para Carla Teixeira, é claro que ainda há uma dificuldade de os militares aceitarem uma narrativa democrática no país.
A reportagem é de Kaique Santos e Luana Ibelli, publicada por Brasil de Fato, 28-11-2024.
A postura dos militares diante do plano de golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na presidência após perder as eleições em 2022 aumentou a discussão sobre a necessidade de reformar as Forças Armadas. Seis décadas depois do golpe de 1964, pelo menos 25 dos 37 indiciados no inquérito final sobre planos contra a democracia, realizado pela Polícia Federal, são agentes militares.
Linha do tempo detalha as 14 reuniões de Bolsonaro com chefes das Forças enquanto golpe era debatido https://t.co/wUt4TRqa3E
— O Globo Política (@OGloboPolitica) November 29, 2024
Mesmo os que não foram indiciados, mas que souberam ou foram convidados a se envolver na trama golpista têm algum grau de responsabilidade, já que o plano poderia ter se concretizado sem que houvesse denúncia. É como analisa Carla Teixeira, historiadora e professora de História do Brasil da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), de Minas Gerais.
"Há uma definição de um autor, que eu acho muito interessante, que fala sobre os golpistas ativos e os golpistas passivos. Essa ideia de divisão levanta algumas perguntas que são importantes de serem feitas. Se parte do alto comando [das Forças Armadas] foi contra [o golpe], por que não tomou nenhuma medida para impedir que isso acontecesse? Por que não houve uma denúncia junto ao Supremo Tribunal Federal [STF], por exemplo?", questiona.
"Estudiosos da área justificam dizendo que seria uma crise muito grande. Ora, a invasão dos prédios e o quebra-quebra no 8 de janeiro não foi uma crise muito grande? Eu acho que é importante cobrarmos, nesse momento, que a instituição Forças Armadas, que as três forças, principalmente o Exército Brasileiro, respondam à sociedade: Por que permitiu que isso acontecesse e quais eram as intenções? Não sabemos, mas é importante que eles digam", continua a professora, cobrando por respostas.
Chefes das Forças Armadas se reuniram 14 vezes com Bolsonaro após derrota na eleição e enquanto golpe era debatido, diz PF https://t.co/9umurqDTJc
— Jornal O Globo (@JornalOGlobo) November 28, 2024
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'Forças Armadas usaram capacidade eleitoral de Bolsonaro pra voltar ao poder', diz historiadora - Instituto Humanitas Unisinos - IHU