- Uma audiência geral muito especial foi vivida nesta quarta-feira, 20 de novembro, em uma chuvosa Praça de São Pedro, onde o Papa mencionou os mil dias da guerra na Ucrânia – completados ontem – e leu uma emotiva carta de um jovem ucraniano.
- Durante os cumprimentos pessoais, o Papa apertou a mão de Olena Zelenska, esposa do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, que foi vista emocionada em alguns momentos da audiência geral.
A informação é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 20-11-2024.
Na carta, o jovem ucraniano pediu ao Papa que, "quando falar sobre nossa dor e se lembrar dos mil dias de sofrimento, também se lembre dos milhares de dias de amor, porque somente o amor, a fé e a esperança dão um verdadeiro significado às feridas".
"Ontem completaram-se mil dias desde a invasão da Ucrânia. Uma memória trágica para as vítimas e pela destruição que causou, mas, ao mesmo tempo, vergonhosa para toda a humanidade", começou dizendo o Papa durante os cumprimentos aos peregrinos, após a habitual catequese.
"Isso não deve nos desanimar nem nos afastar do povo martirizado da Ucrânia. Precisamos nos comprometer com a paz para que o diálogo substitua as armas e o encontro prevaleça sobre o desencontro", acrescentou Francisco.
Uma mensagem da Ucrânia para o mundo inteiro
"Anteontem, recebi — continuou o Papa lendo — uma carta de um jovem de uma universidade da Ucrânia, que diz assim: 'Padre, quando nesta quarta-feira você se lembrar do meu país e tiver a oportunidade de falar ao mundo inteiro sobre o milésimo dia desta terrível guerra, não fale apenas do nosso sofrimento, mas também seja testemunha da nossa fé, que, mesmo imperfeita, não perde o seu valor. Pinte com pinceladas generosas o quadro de Cristo Ressuscitado."
"Houve muitas mortes nesses dias. Viver em uma cidade onde um míssil mata e fere dezenas de pessoas, testemunhar tantas lágrimas, é difícil. Eu gostaria de ter fugido, queria voltar a ser uma criança abraçada pela mãe, teria preferido ficar em silêncio, mas agradeço a Deus porque, através dessa dor, aprendo a amar mais. Pois a dor não é apenas um caminho para a raiva e o desespero, mas, se fundamentada na fé, é um grande mestre do amor.
Pai, se a dor machuca, isso significa que você ama. Portanto, quando falar da nossa dor e se lembrar dos mil dias de sofrimento, lembre-se também dos milhares de dias de amor, porque somente o amor, a fé e a esperança dão um verdadeiro significado às feridas."
Posteriormente, durante os cumprimentos pessoais, o Papa apertou a mão de Olena Zelenska, esposa do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, que foi vista emocionada em alguns momentos da audiência geral.
Leia mais
- A ira dos ucranianos após as palavras do Papa. “Nunca levantaremos a bandeira branca”
- “Francisco sofre pelas vítimas e pede para abrir caminhos de diálogo”. Entrevista com Visvaldas Kulbokas, núncio apostólico na Ucrânia
- Ucrânia. “A negociação só incomoda quem divide o mundo em dois”. Entrevista com Antonio Spadaro
- Ucrânia. “Bandeira branca”. ‘A palavra negociar é uma palavra corajosa’, afirma o Papa Francisco
- O Papa, a Ucrânia, a “bandeira branca”
- “O Papa pede para a Ucrânia a coragem de negociar”
- A guerra na Ucrânia: não tenham vergonha de negociar. Entrevista do Papa Francisco
- “A Ucrânia não pode vencer a guerra”. Entrevista com Alberto Negri
- Conflito na Ucrânia: o Papa e a “primazia” da paz. Artigo de Andrea Riccardi
- “Não é uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia, é uma guerra pela reorganização da ordem mundial”. Entrevista com Maurizio Lazzarato
- Crise Rússia-Ucrânia, o Papa Francisco conversará com Putin por telefone
- Papa Francisco: chorei porque a Ucrânia “é uma grande derrota para a humanidade”
- “Propaganda imperialista? Francisco rejeita firmemente estas interpretações”. O Vaticano responde às acusações feitas contra o Papa por Kiev e pela Igreja Ucraniana
- “Papa Francisco está buscando meios de acabar com a guerra na Ucrânia”. Entrevista com Pietro Parolin
- Francisco reiterou sua oferta de mediação do Vaticano na Ucrânia
- Francisco denuncia os bombardeios contra civis na Ucrânia
- Ucrânia, o Papa está isolado: ninguém na União Europeia concorda com sua proposta de cessar-fogo
- O Papa Francisco envia os cardeais Krajewski e Czerny à Ucrânia. Santa Sé detalha a missão
- O ocaso da Rússia pós-soviética com a guerra na Ucrânia: o Papa Francisco foi profético. Artigo de Marco Politi
- Francisco: diante da loucura da guerra rezamos pela paz na Ucrânia
- Ucrânia, Papa Francisco convidado a Kiev pelo prefeito: “Sua presença poderia salvar vidas humanas”
- Guerra na Ucrânia: Francisco pede uma “trégua pascal”
- Sobre a Ucrânia, o Papa Francisco está isolado… ou à frente de seu tempo?
- Francisco: “Nesta noite de Natal, pensemos nas crianças da Ucrânia, elas trazem sobre si o peso desta guerra”
- Papa Francisco e a Ucrânia, 12 meses depois. Entrevista com Massimo Faggioli
- Guerra na Ucrânia: “Francisco não quer ofender o agressor para manter aberto o caminho do diálogo”
- Ucrânia, Francisco: o possível homem da mediação. “Preservar o mundo da loucura da guerra”: 2 de março de oração e jejum
- Ucrânia, Papa Francisco mais próximo da China do que do Ocidente: por isso o pontífice é pró-Brics, diz editor da revista Crux
- Guerra na Ucrânia, Papa Francisco não desiste: “Encontro Putin-Zelensky”
- Poderá o Papa Francisco promover a paz na Ucrânia? Artigo de Thomas Reese
- Guerra na Ucrânia: “A retórica religiosa é blasfematória”. Artigo de Antonio Spadaro
- O cardeal Zuppi encontra apenas um funcionário de nível médio no Kremlin e trabalha para repatriar 20.000 crianças ucranianas
- Os bastidores da estratégia do Vaticano na Guerra Rússia-Ucrânia
- O que faz da Ucrânia diferente: democracia x império
- O mundo pede a paz. Como acabar com a guerra na Ucrânia
- A guerra na Ucrânia está “legalizando” a atividade dos mercenários
- Arcebispo de Kiev: os ucranianos estão exaustos por uma guerra que não tem fim
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
A emotiva carta que o Papa leu de um jovem ucraniano: "Quando você se lembrar dos mil dias de sofrimento, lembre-se dos milhares de dias de amor" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU