21 Novembro 2024
Vazamentos muitas vezes podem ser interrompidos com simples reparos: “estamos falando de apertar parafusos com mais força em alguns casos”, disse Inger Andersen, do PNUMA.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 21-11-2024.
O metano é 80 vezes mais potente para o efeito estufa do que o CO2 e responde por um terço do aquecimento do planeta. Por isso é crucial evitar sua emissão para combater as mudanças climáticas. Desde que uma iniciativa da ONU começou a monitorar vazamentos de metano em infraestruturas de petróleo e gás fóssil, no ano passado, foram emitidos 1.200 alertas para governos e empresas. Mas apenas 12 desses alertas para grandes emissões – ou seja, 1% – receberam uma “resposta substancial” com ações tomadas para conter os escapes.
É o que mostra o relatório “An Eye on Methane 2024”, lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O documento ressalta que os alertas de vazamentos de metano representam uma oportunidade inexplorada de ação climática imediata. Mas, como mostram os números, há uma imensa discrepância entre as promessas e as ações, informam UOL, Folha, Valor e DW.
“É decepcionante”, desabafou a diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen. Sobretudo porque esses vazamentos muitas vezes podem ser interrompidos com simples reparos. “Estamos literalmente falando de apertar os parafusos com mais força em alguns casos”, disse ela, em um comunicado.
O relatório se baseia nos dados do Sistema de Alerta e Resposta ao Metano (MARS), parte do Observatório Internacional de Emissões de Metano (IMEO) do PNUMA. O MARS usa dados de satélite para ajudar o setor e os países a identificar e lidar com grandes emissões de metano. E também está usando inteligência artificial para examinar dados de satélite e identificar as emissões.
Muitos dos notificados sobre grandes emissões de metano detectadas por satélites aderiram ao Compromisso Global do Metano, lançado há três anos e assinado por mais de 150 países, para reduzir as emissões globais do gás em 30% até 2030 sobre os níveis de 2020. “Governos e empresas de petróleo e gás devem parar de apenas falar. Eles devem reconhecer uma oportunidade significativa que este sistema apresenta e começar a responder contendo vazamentos que estão liberando metano que aquece o clima”, frisou Inger.
De acordo com o documento, o Turcomenistão teve o maior número de incidentes de vazamento, com quase 400 emissões detectadas. Os Estados Unidos ficaram em segundo lugar, com 178 incidentes, enquanto o anfitrião da COP29, o Azerbaijão, recebeu alertas para 32 emissões. As poucas respostas dadas aos alertas ocorreram em Argélia, Azerbaijão, Nigéria e EUA.
Para piorar a situação, é possível que a quantidade de vazamentos seja maior, pontua o PNUMA. Isso porque o metano às vezes pode ser escondido da detecção por satélite pela cobertura de nuvens.
Pela primeira vez, as empresas de petróleo e gás fóssil que operam nos EUA terão de pagar multa se emitirem metano acima de certos níveis. A regra da Agência de Proteção Ambiental (EPA) do governo estadunidense segue uma diretriz do Congresso incluída na lei climática de 2022 e visa incentivar o setor a adotar as melhores práticas para reduzir as emissões de metano, informam UOL, Estadão, npr, Reuters, New York Times, Washington Post e Bloomberg. Porém, a medida pode ser revogada com a chegada de Donald Trump à Casa Branca em janeiro. Ferrenho defensor da indústria de combustíveis fósseis e negacionista climático de carteirinha, é possível que Trump elimine não apenas essa, mas várias outras normas ambientais adotadas pela gestão Biden.
Mais de 30 países aderiram à declaração da COP29 sobre a redução de metano de resíduos orgânicos, incluindo oito dos 10 maiores emissores de metano provenientes dessa fonte, informa o Down to Earth. “Conferências anteriores já avançaram no Compromisso Global do Metano. Para cumprir este compromisso, precisamos abordar todos os setores, como agricultura, resíduos e combustíveis fósseis. Para complementar essas medidas, lançamos esta declaração para reduzir o metano proveniente de resíduos orgânicos”, explicou Yalchin Rafiyev, principal negociador do Azerbaijão na conferência. O setor de resíduos contribui com cerca de 20% das emissões antropogênicas de metano.
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Só 1% dos alertas do ONU sobre vazamento de metano foram respondidos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU