Conservadores pedem renúncia do líder da Comunhão Anglicana

Perguntado no programa de entrevistas The Rest is Politics como via a união de duas pessoas do mesmo sexo, o Arcebispo de Canterbury e líder da Comunhão Anglicana, Justin Welby, de 68 anos, respondeu que a intimidade sexual é moralmente aceitável, desde que haja “um relacionamento estável, comprometido e fiel”.

A informação é de Edelberto Behs, jornalista. 

A declaração acendeu a ira dos conservadores que sugerem a renúncia de Welby por afastar-se da doutrina da Igreja da Inglaterra sobre casamento e ética sexual. A doutrina da igreja afirma que “a relação sexual, como uma expressão de intimidade fiel, pertence propriamente ao casamento exclusivamente”, entendendo o casamento como uma união vitalícia de um homem com uma mulher.

Depois da rebordosa que a manifestação provocou na grei conservadora da igreja, Welby apresentou uma declaração pública na qual ele afirma ter “sido honesto ao dizer que seu pensamento evoluiu ao longo dos anos por meio de muita oração e reflexão teológica” e que ela “reflete seu compromisso de continuar a acolher, amar e incluir pessoas LGBTQ+ mais plenamente na vida da Igreja”.

Em artigo furioso no portal da The Alliance, uma colaboração de grupos da Igreja da Inglaterra que se apegam aos ensinamentos da Bíblia sobre ética sexual, o articulista Tim Dieppe, além de pedir a renúncia do arcebispo, diz que Welby está “feliz em esclarecer que ele pessoalmente discorda do ensinamento oficial da Igreja da Inglaterra. Ele é presumivelmente encorajado pelo apoio nessa discordância do Arcebispo de York e outros bispos”, que, por discordarem da doutrina eclesial, são hereges, e devem renunciar. Eles acreditam que “a imoralidade sexual não é pecaminosa”, escreve Dieppe.

Na declaração pública, Welby esclarece: “O que o Arcebispo de York e eu, e os bispos, por maioria, de forma alguma unânime, reconhecem que a igreja está profundamente dividida sobre isso. Onde chegamos é dizer que toda atividade sexual deve estar dentro de um relacionamento comprometido e seja hétero ou gay. Em outra palavra, não estamos desistindo da ideia de que o sexo está dentro do casamento ou união civil”.

O que o Arcebispo de Canterbury e o de York defendem é que homossexuais “devem poder ir até sua igreja local e ter um serviço de oração de bênção para elas em suas vidas juntas. Então, aceitamos isso. Agora, acho que isso está muito longe do casamento entre pessoas do mesmo sexo na igreja”, explicou Welby.

Dieppe não perdoa: “Os bispos que se afastam do ensinamento claro e inequívoco da Igreja da Inglaterra devem renunciar. São eles que não têm um lugar na Igreja da Inglaterra, por mais sinceras que sejam suas crenças. Um ateu sincero dificilmente pode ser um bispo. A sinceridade da descrença na doutrina da Igreja da Inglaterra não justifica nada permanecer como bispo”.

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