26 Setembro 2024
O seu nome está inseparavelmente ligado à descoberta do escândalo de abusos na Igreja Católica: o padre jesuíta Klaus Mertes tornou públicos os casos denunciados há 14 anos. Agora ele está com 70 anos.
A reportagem é de Birgit Wilke, publicada por Katolish.de, 18-08-2024.
Ele ainda é um interlocutor muito procurado quando se trata da Igreja e do tema da educação. Durante anos, o padre jesuíta Klaus Mertes ensinou crianças e jovens em escolas jesuítas. Ele se tornou conhecido pelo grande público quando, em 2010, tornou público o escândalo de abuso da Igreja Católica. Depois que três alunos lhe contaram sobre seu abuso no Canisius-Kolleg de Berlim, ele, como então diretor da escola, convocou ex-alunos a se manifestarem se tivessem passado por experiências semelhantes.
Foto: Gordon Welters | KNA
Naquele momento, Mertes não tinha consciência de que estava desencadeando uma avalanche – na Alemanha, milhares de pessoas se apresentaram, que haviam sido vítimas de violência sexual em instituições religiosas e públicas, mas também em famílias. A discussão sobre o abuso continua a dominar os cabeçalhos até hoje.
Mertes, filho de diplomata, frequentou um colégio jesuíta, o Aloisiuskolleg em Bonn, nos anos 1960 e início dos anos 70. Já com 23 anos, ingressou na ordem dos jesuítas e começou a estudar Filosofia e Teologia. Em seguida, recebeu o sacramento da ordenação sacerdotal no meio dos anos 80. Após um estágio em Frankfurt am Main, ele trabalhou inicialmente como professor na escola Sankt-Ansgar em Hamburgo.
Após um ano no exterior na Irlanda do Norte, ele chegou ao Canisius-Kolleg em Berlim em 1994. Seis anos depois, tornou-se diretor do colégio e, em 2011, mudou-se para o Kolleg Sankt Blasien, no sul da Floresta Negra; há alguns anos, ele voltou a viver em Berlim.
Por sua decisão de adotar uma abordagem ousada em relação ao tema do abuso, Mertes recebeu muitos elogios nos últimos anos – há três anos, o presidente federal Frank-Walter Steinmeier o agraciou, junto com um dos três alunos, o ativista Matthias Katsch, com a Cruz Federal de Mérito. Mas ele também enfrentou críticas: Mertes foi chamado de "Nestbeschmutzer" ('alguém que sujou ninho', em tradução literal); ele disse em uma entrevista que também havia recebido ameaças de morte veladas na época.
"Todo isso não o impediu de continuar se comprometendo com a reparação. Isso incluía também a publicação de artigos nos quais ele criticava a moral sexual e a posição da Igreja em relação à homossexualidade, identificando-as como fatores que favoreciam casos de abuso.
Mesmo retrospectivamente, ele não se arrependeu de sua defesa pela reparação: é cansativo lidar repetidamente com o tema, disse ele há alguns anos ao jornal 'taz'. E acrescentou: 'É um caminho difícil. Mas não me tornei amargo, e sou simplesmente grato por isso. Esse sempre foi meu objetivo.'
Mertes também se posiciona claramente sobre outros temas: desde cedo, ele defendeu que a Igreja Católica deveria se distanciar da AfD. A AfD é 'um partido antissistema com uma clara inclinação étnica', escreveu ele no ano passado na revista Stimmen der Zeit. O partido ultrapassou o ponto de poder se tornar um partido burguês-conservador; em vez disso, está se radicalizando cada vez mais.
E Mertes se preocupa, como ex-professor, com o futuro das escolas católicas: Juntamente com o político do SPD e ex-presidente do Bundestag, Wolfgang Thierse, ele se empenha por sua preservação; muitas delas foram fechadas nos últimos anos. Embora, apesar do escândalo dos abusos, tivessem uma boa reputação, segundo Mertes em um artigo conjunto. No entanto, as dioceses carecem de dinheiro.
No geral, ele afirmou estar satisfeito com sua vida até agora, enfatizou em uma entrevista ao 'taz'. Nos momentos decisivos de grandes crises da vida, sempre encontrou as pessoas certas, disse Mertes: 'Sou uma pessoa de sorte'".
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Lutador corajoso contra o abuso: Klaus Mertes completa 70 anos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU