Gangues geram violência à sociedade haitiana

Um soldado senegalês da ONU chega à cena de uma manifestação, pedindo a queima de dois supostos sequestradores, em Porto Príncipe, Haiti. Os suspeitos estão detidos na delegacia Delmas 60 da Polícia Haitiana | Foto: ONU/Logan Abassi

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17 Setembro 2024

Violência, deslocamento interno, insegurança alimentar e o colapso do sistema de saúde são alguns dos problemas que enfrenta o Haiti

A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.

Num país tomado por gangues que se juntaram em fevereiro para tomar o poder, o que os haitianos mais querem, hoje, é segurança. A Missão Multinacional de Apoio à Segurança, que está presente no país desde junho, teve algumas conquistas.

Em recente visita a Porto Príncipe, capital do Haiti, o embaixador do Canadá na ONU, Bob Rae informou que um dos avanços da Missão foi afastar as atividades das gangues de dois importantes hospitais e do principal porto da cidade.

Mas o país, disse o diplomata à ONU News, “ainda não deu a volta por cima”. A violência abala o Haiti. Gangues tomaram conta de grandes bairros, queimaram casas “e comandam partes da cidade como um reino pessoal”.

Pessoas tiveram que se deslocar de Porto Príncipe para fugir da violência. Partes do aeroporto estão seguras e voos chegam com frequência. Mas ainda não foi possível proteger as principais rodovias do país.

O diplomata canadense reuniu-se com o primeiro-ministro haitiano, Gary Conille, com o Conselho de Transição, organizações de ajuda e com haitianos que disseram, todos, que a segurança é a sua principal prioridade.

Em entrevista a Camille Andrés, do jornal Reformado, a diretora nacional do Swiss Protestant Entraide (EPER), Marie-Jeanne Hautbois, afirmou que as várias gangues do país, armados por grupos de interesse privados, uniram forças para atacar o governo.

A Organização Mundial para as Migrações contabilizou o deslocamento interno de 600 mil pessoas em julho, a metade de crianças, para um país com 11 milhões de habitantes, onde quase a metade sofre de insegurança alimentar.

Nesse quadro de crise institucional, a missão da EPER passou de apoio ao desenvolvimento rural para a ação humanitária. Marie-Jeanne gerencia uma equipe de 40 pessoas, todas haitianas, em Grand’Anse, no sudoeste do país.

As ações da EPER estão focadas em 20 aldeias, englobando 5 mil pequenos agricultores, 3,8 mil crianças em idade escolar, e 500 mulheres que trabalham em cantinas, como comerciantes ou peixeiras.

A organização de ajuda também volta sua atenção à educação sanitária, como captação de água, gestão de resíduos. O sistema de saúde entrou em colapso no país e, bem por isso, é preciso controlar qualquer crise epidêmica, como a cólera.

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