12 Setembro 2024
A cobertura da imprensa hegemônica dos atletas e das atletas paraolímpicas que disputaram 20 das 22 modalidades previstas nos campos esportivos de Paris foi inversamente proporcional, olhando o quadro de medalhas, ao que recebeu a equipe brasileiras nas Olimpíadas recentes.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
O Brasil conquistou nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 um total de 20 medalhas: três de ouro, sete de prata e dez de bronze. Atletas paraolímpicos deram de relho nos colegas olímpicos: conquistaram 89 medalhas, das quais 25 de ouro, 26 de prata e 38 de bronze, ficando em quinto lugar no quadro total de medalhas!
A cada paraolimpíada o grupo de atletas brasileiros se supera. Nos jogos do Rio atingiu o recorde de 72 medalhas e superou as 22 medalhas de ouro nos jogos de Tóquio, em 2020. Esses atletas e essas atletas não mereceriam mais atenção da imprensa?
A atleta Rayane Soares, deficiente visual, conquistou ouro nos 400 metros. Não só isso. Ela garantiu novo recorde mundial da prova com o tempo de 52 segundos e 55 centésimos. Ela foi reverenciada com o destaque – merecido – que a imprensa prestou à Rebeca Andrade, medalha de ouro no solo nos Jogos de Paris?
Das Olimpíadas em Paris participaram 277 atletas. A delegação brasileira na Paraolimpíada contou com 280 atletas, que conquistaram 69 medalhas a mais do que seus companheiros e companheiras olímpicas.
A diferença é gritante. Nos Jogos de Paris, em agosto, empresas de comunicação do Brasil estavam presentes com equipes de repórteres, comentaristas, e todo aparato televisivo na cobertura dos jogos, o que nem de longe se viu nas Paraolimpíadas.
As Olimpíadas e as Paraolimpíadas refletem o quadro da sociedade brasileira. Já registramos avanços, é verdade. Se no passado pessoas com qualquer tipo de deficiência ficavam restritas ao espaço privado, hoje elas estão presentes no espaço público, com méritos e conquistas.
Mas ainda há graus a alcançar para que atletas com deficiências visuais, deficiências intelectuais, paralisados cerebrais, com deficiência nos membros inferiores, nos membros superiores, cadeirantes, amputados cheguem ao Olimpo dos “atletas perfeitos”. Assim como ainda há graus a atingir na sociedade brasileira.
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Mais medalhas, menor cobertura - Instituto Humanitas Unisinos - IHU