O cogumelo no fim do mundo. Comentário de Faustino Teixeira

Foto: Mihajlo Horvat | Unsplash

Mais Lidos

  • “O capitalismo do século XXI é incapaz de atender às necessidades sociais da maioria da população mundial”. Entrevista com Michael Roberts

    LER MAIS
  • Zohran Mamdani está reescrevendo as regras políticas em torno do apoio a Israel. Artigo de Kenneth Roth

    LER MAIS
  • Guiné-Bissau junta-se aos países do "cinturão de golpes militares" do Sahel e da África Ocidental

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

19 Julho 2024

"Abaixo de nossos pés temos uma verdadeira metrópole cosmopolita habitada por um emaranhado de relações micorrízicas. São as micorrizas que facultam a 'infraestrutura de interconexão entre as espécies'. É o que diz a antropóloga Anna Tsing em seu livro: O cogumelo no fim do mundo", escreve Faustino Teixeira, teólogo, professor emérito da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF e colaborador do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, em comentário publicado em sua página no Facebook, 10-07-2024.

Eis o comentário.

Incrível como o tema do diálogo aparece em tantos lugares. Estudando os fungos, vejo pistas muito interessantes para ajudar na reflexão do tema. Como exemplo, vemos que os cogumelos matsutake "são os corpos frutificados de um fungo subterrâneo que se associa a certas árvores da floresta".

Abaixo de nossos pés temos uma verdadeira metrópole cosmopolita habitada por um emaranhado de relações micorrízicas. São as micorrizas que facultam a "infraestrutura de interconexão entre as espécies". É o que diz a antropóloga Anna Tsing em seu livro: O cogumelo no fim do mundo.

Enquanto o ser humano não pode desenvolver novos membros, os fungos, ao contrário, são marcados por indeterminação. Eles continuam sempre crescendo, e mudam de forma dependendo de seus encontros e ambientes. E por que o tema é importante para a questão do diálogo?

O estudo dos fungos nos ajuda a perceber que "somos contaminados por nossos encontros". Não é possível a "pureza". O que ocorre sempre é a presença de uma precariedade que nos convoca ao outro. Não há como escapar dessa precariedade, que é em verdade um "estado de reconhecimento de nossa vulnerabilidade aos outros". Não há como sobreviver sozinhos. Estamos ligados a uma rede fundamental.

É rico o conceito de assembleia para nos ajudar a compreender a dinâmica de tecer mundos. Para além da ideia de uma "comunidade ecologias", que ainda carrega algo de fixo e limitado, a noção de assembleia evoca agrupamentos mais abertos. Isso é bem interessante.

Leia mais