Países ricos superestimam em US$ 88 bi valor real do financiamento climático

Foto: Canva Pro | Pexels

11 Julho 2024

“Esforço financeiro real” dos países ricos para fornecer financiamento climático ao Sul Global é inferior a 1/3 do que o valor reportado sugere, mostra OXFAM.

A reportagem é publicada por ClimaInfo, 11-07-2024.

Os países ricos dizem ter mobilizado quase US$ 116 bilhões em financiamento climático em 2022, ultrapassando pela primeira vez os US$ 100 bilhões anuais que haviam prometido alcançar até 2020, para ajudar os países do Sul Global a lidar com os efeitos cada vez piores da crise climática. Mas, no fim das contas, esse valor pode ser US$ 88 bilhões menor, mostra um relatório da OXFAM.

Segundo o documento “Climate finance short-changed 2024 update”, a falha das nações ricas se dá de duas maneiras, detalham CNBC e Sustainable Views. Primeiro, ao fornecerem financiamento climático via empréstimos, os países desenvolvidos estão contribuindo para agravar a crise da dívida dos países em desenvolvimento. Depois, por darem uma impressão exagerada de como seu gasto é relevante para o clima.

A OXFAM afirma que quase US$ 92 bilhões do montante total foram providos como financiamento público, e quase 70% desse dinheiro se deu na forma de empréstimos. Muitos deles requerem pouco ou nenhum esforço financeiro dos países ricos – são oferecidos a taxas de mercado lucrativas, contribuindo para aumentar os níveis de dívida dos países do Sul Global.

Assim, a análise estima que o “valor real” do financiamento climático fornecido pelos países ricos em 2022 seja apenas entre US$ 28 bilhões e US$ 35 bilhões. E apenas US$ 15 bilhões se destinaram à adaptação.

O “valor real” compara empréstimos relacionados ao clima com seus equivalentes em doações, em vez de seu valor nominal, para avaliar o real esforço financeiro dos países ricos. Assim, a OXFAM considera a diferença entre empréstimos a taxas de mercado e aqueles em termos preferenciais, enquanto também leva em conta as reivindicações excessivamente generosas sobre a importância climática desses fundos.

“Para colocar os US$ 35 bilhões em perspectiva, é quanto as corporações de petróleo e gás ganham em apenas 6 dias. Há anos os países ricos têm enganado os países do Sul Global, fazendo financiamento climático de forma barata. As alegações de que estão cumprindo suas promessas financeiras são exageradas, já que esse esforço financeiro real é muito menor do que o valor divulgado sugere”, reforçou Nafkote Dabi, responsável pela área de Política Climática da OXFAM Internacional.

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