28 Junho 2024
O início de uma reflexão prática na direção de uma Igreja que se repensa à luz do Evangelho e das perguntas das mulheres e dos homens que encontra. Com esse intuito Rolando Covi concebeu o livro Parrocchia, ministeri, formazione: una proposta in dialogo con Spiritus Domini e Antiquum ministerium, publicado na série Sophia da Faculdade Teológica do Trivêneto em coedição com Edizioni Messaggero Padova.
O artigo é de Paola Zampieri, jornalista italiana, publicado por Settimana News, 26-06-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Qual figura de paróquia? Qual figura do ministério? Qual figura de formação? São as perguntas que acompanham transversalmente a pesquisa, à luz da proposta de um ministério instituído.
Para cada pergunta o autor, padre da diocese de Trento e professor de catequese na Faculdade Teológica do Trivêneto, oferece uma problematização básica, a análise de alguns indicadores úteis para avançar na reflexão e numa possível ação pastoral. “Os temas em questão são colocados em foco por um trabalho de síntese – explica –, a partir dos estímulos oferecidos pela escuta da realidade, mantendo no pano de fundo o caminho sinodal como indicação de um novo já presente”.
Parrocchia, ministeri, formazione. Una proposta in dialogo con Spiritus Domini e Antiquum ministerium (Foto: Divulgação)
O âmbito da investigação restringe-se à diocese de Trento, que enfrenta um rápido declínio do número de padres.
O livro se abre com a escuta da realidade e a descrição de algumas ministerialidades em curso, antes de passar à análise dos documentos do magistério Antiquum ministerium e Spiritus Domini.
São exploradas, portanto, a figura de paróquia necessária para um repensamento da ministerialidade e a própria figura do ministério: “Somente colocando cada ministério em relação à missão da Igreja e não simplesmente numa relação recíproca – frisa Covi – se pode pensar em instituir novos".
Por fim, aborda-se o âmbito de formação: “O que torna possível uma boa formação cristã em todos os níveis – acrescenta – é a presença de uma comunidade de aprendizagem”.
Um apêndice oferece uma proposta concreta de formação que resume o que foi analisado ao longo do percurso da pesquisa.
Como se pode acompanhar a realidade ouvida, à luz das indicações que emergem do magistério?
Em primeiro lugar, a paróquia deve ser acolhida nas suas principais lutas: a dificuldade de viver a missão e a atenção quase exclusiva no plano organizacional, em detrimento da verdadeira fraternidade. “Se não for dado ar a novas formas de vida pastoral”, explica Covi, citando os grupos Parola e os grupos sinodais como indicadores interessantes de mudança, “até mesmo um ministério instituído será sobrecarregado com um fardo que os próprios padres estão denunciando. Por outro lado, dentro de experiências que reconhecem a fé como ganho para a vida, podem nascer formas inesperadas de ministerialidade, ávidas de encontro com a cultura e o território”.
Em segundo lugar, é apresentado o maior desafio para a figura ministerial: encontrar um denominador comum que apoie os ministérios, respeitando as suas diversidades: “um denominador – especifica Covi – que dê corpo também a uma ação eclesial pertinente para a situação em que nos encontramos e assim modifique na prática a clássica estrutura binária de distinção entre clero e leigos, que resultou num distanciamento entre o anúncio do Evangelho e a vida cotidiana”. Uma solução pode ser oferecida pela figura do discípulo-missionário “porque dá razão à fé batismal como ao serviço dos ministérios (institutos e ordenado) e, ao mesmo tempo, mantém toda escolha em relação com a missão da Igreja".
Por fim, a formação também deve ser revista para apoiar esse repensamento da paróquia e do ministério, em especial fortalecendo o vínculo com a experiência de Igreja, pessoal e comunitária.
“Não se trata de um trabalho fechado e definido – conclui Covi – mas de um exercício de reflexão que visa oferecer um método de trabalho – a escuta da vida pastoral em diálogo com alguns indicadores – e assim tentar acompanhar aqueles que têm diante de si o problema de mudar, muito rapidamente, o paradigma eclesial em que cresceu e pelo qual trabalhou durante muito tempo, paradigma que hoje é difícil de sustentar”.