O caso da excomunhão de D. Carlo Viganò. Artigo de Luigi Sandri

Foto: Vatican News

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25 Junho 2024

"Depois, na quinta-feira passada, o prelado informou que o Dicastério para a Doutrina da Fé o havia convidado a se apresentar para tomar ciência das provas do seu crime de cisma, acusação que, confirmada, prevê a excomunhão automática", escreve Luigi Sandri, jornalista italiano, em artigo publicado por L'Adige, 24-06-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

A ameaça de excomunhão de Dom Carlo Maria Viganò – culpado de considerar Francisco um papa ilegítimo, e de difundir a ideia de que o Concílio Vaticano II é um “câncer” que está destruindo a Igreja romana – coloca problemas complicados de método e mérito.

O prelado (nascido em Varese em 1941, bispo desde 1992) teve uma brilhante carreira diplomática: por fim, teve um papel importante no Governatorato da Cidade do Vaticano; em 2011 Bento XVI enviou-o como núncio nos Estados Unidos, cargo que, tendo atingido o limite de idade, abandonou em 2016, quando Francisco já era papa há três anos.

Com ele começou um conflito cada vez mais acirrado: o prelado, de fato, afirma que desde 2013 o havia informado da acusação de pedofilia que pesava sobre o arcebispo emérito de Washington, Dom Theodore E. McCarrick, e que, mesmo assim o pontífice, retido por resistências da Cúria, e talvez por ricas doações dadas por ele a alguns cardeais, nada teria feito para expulsar aquele "indigno" de Colégio Cardinalício.

Bergoglio negou ter recebido a informação do núncio na época; porém, depois de uma investigação independente, que apurou a veracidade das acusações, em 2019 reduziu ao estado laical o ex-cardeal.

Desde então, Viganò foi aumentado o tom contra o Papa reinante: considerando-o um pontífice ilegítimo; exigiu em alta voz a sua renúncia; e, então, ampliando o quadro da sua oposição, desferrou um ataque frontal contra o Concílio Vaticano II, que, com as suas propostas de reforma, na sua opinião pôs um tumor devastador na Igreja.

Depois, na quinta-feira passada, o prelado informou à imprensa que o Dicastério para a Doutrina da Fé o havia convidado a se apresentar para tomar ciência das "provas do seu crime de cisma", acusação que, confirmada, prevê a excomunhão automática.

Comentando o inflamado caso, nota-se de muitos quadrantes que a "cruzada" do ex-núncio já estava reduzida a um roteiro que documentava a sua irrelevância: a acusação de cisma, com consequente processo e, portanto, a prevista excomunhão de fato restaura a sua popularidade e a auréola do “mártir” que ousa desafiar aquela que, com desprezo, ele chama de “Igreja bergogliana”. No entanto, há quem considere “sacrossanta” a punição que o citado dicastério está para confirmar; outros, porém, acreditam que a Cúria teria agido melhor se tivesse sido paciente um pouco mais, até que o idoso prelado - um general sem soldados - deixasse este mundo.

Enquanto se espera que um dia os arquivos do Vaticano sobre o assunto sejam analisados, por enquanto se tem a impressão de que na gestão do caso Viganò e do caso McCarrick houve confrontos de poder na Cúria, onde de 2011 ao início de 2013 o Secretário de Estado era o cardeal Tarcísio Bertone, mas desde outubro daquele ano até hoje o dicastério é dirigido pelo Cardeal Pietro Parolin.

Também é possível que alguns cardeais “antibergoglianos” tenham assegurado ao ex-núncio sua solidariedade. Para aquecer o clima em vista do próximo conclave, quando acontecer.

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