29 Mai 2024
"Os dados mais recentes da Divisão de População da ONU mostram que a expectativa de vida ao nascer já recuperou os níveis pré pandêmicos em 2023. Contudo, existe um grande desafio pela frente que são as crises climáticas e ambientais. Os desastres provocados pelas enchentes do Rio Grande do Sul estão impactando os níveis de mortalidade e morbidade, afetando negativamente tanto a expectativa de vida ao nascer, quanto a expectativa de vida saudável (HALE) no sul do país. Para melhorar a expectativa de vida humana, vamos precisar garantir a qualidade de vida ecológica e a estabilidade do clima global", escreve José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia, em artigo publicado por EcoDebate, 27-05-2024.
O relatório Estatísticas Mundiais de Saúde 2024 da Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou que a pandemia da COVID-19 reverteu a tendência de aumento secular na expectativa de vida ao nascer e na expectativa de vida saudável ao nascer (HALE, na sigla em inglês).
A pandemia eliminou quase uma década de progresso na melhoria da expectativa de vida em apenas dois anos. Entre 2019 e 2021, a expectativa de vida global caiu 1,8 ano, para 71,4 anos (voltando ao nível de 2012). Da mesma forma, a expectativa de vida saudável global caiu 1,5 ano, para 61,9 anos em 2021 (voltando ao nível de 2012). O gráfico abaixo mostra os números da expectativa de vida para homens e mulheres entre 2000 e 2021.
A expectativa de vida ao nascer refere-se à média de anos que uma pessoa pode esperar viver a partir do seu nascimento, assumindo que as taxas de mortalidade observadas para cada faixa etária no momento do nascimento permanecerão constantes ao longo da sua vida. Esse indicador é amplamente utilizado para avaliar a saúde geral de uma população e as condições socioeconômicas de um país. Os fatores que Influenciam a Expectativa de Vida ao Nascer são:
A expectativa de vida saudável (HALE), também conhecida como expectativa de vida livre de incapacidade, refere-se ao número de anos que uma pessoa pode esperar viver com boa saúde, sem limitações graves em suas atividades cotidianas devido a problemas de saúde. Este indicador é crucial para entender não apenas quanto as pessoas vivem, mas como vivem, medindo a qualidade de vida em termos de saúde. Os fatores que Influenciam na Expectativa de Vida Saudável são:
Enquanto a expectativa de vida ao nascer mede a sobrevivência do berço ao túmulo, a expectativa de vida saudável foca na qualidade de vida de todo o ciclo de sobrevivência. Em muitos países, as pessoas vivem mais tempo, mas nem sempre esses anos adicionais são vividos com boa saúde. A diferença entre os dois indicadores pode revelar disparidades no acesso a cuidados de saúde, diferenças em políticas públicas e a eficácia de programas de saúde preventiva para uma boa longevidade.
Os governos e as organizações de saúde utilizam esses indicadores para planejar e implementar políticas de saúde pública. Melhorar a expectativa de vida saudável requer um enfoque holístico que inclua melhorias na educação, renda, segurança, acesso a serviços de saúde de qualidade e promoção de estilos de vida saudáveis. Ao direcionar esforços para essas áreas, é possível não só aumentar a longevidade, mas também garantir que esses anos adicionais sejam vividos com saúde e qualidade.
Antes da pandemia, a esperança de vida e a HALE aumentaram em todas as regiões e nos grupos de rendimento dos países. Os maiores ganhos foram observados em ambientes com poucos recursos, incluindo a Região Africana (ganho de 11,2 anos na esperança de vida e ganho de 9,8 anos na HALE) e a Região do Sudeste Asiático (ganho de 7,3 anos na esperança de vida e ganho de 6,5 anos em HALE); e em países de baixo rendimento (ganho de 10,6 anos na esperança de vida e ganho de 9,3 anos na HALE).
As populações dos países de rendimento elevado e médio-alto continuam a viver vidas mais longas e saudáveis do que as dos países de rendimento baixo e médio-baixo. No entanto, o ritmo de melhoria nos países de rendimento elevado estagnou desde 2010, com apenas um aumento de 1,1 ano na esperança de vida e um aumento de 0,6 anos na HALE em 2010-2019, menos de um terço dos aumentos nos países de baixo rendimento. Ou seja, continua existindo desigualdades na expectativa de vida, mas há um esperançoso processo de convergência entre as regiões e os grupos de renda.
Os dados mais recentes da Divisão de População da ONU mostram que a expectativa de vida ao nascer já recuperou os níveis pré-pandêmicos em 2023. Contudo, existe um grande desafio pela frente que são as crises climáticas e ambientais. Os desastres provocados pelas enchentes do Rio Grande do Sul estão impactando os níveis de mortalidade e morbidade, afetando negativamente tanto a expectativa de vida ao nascer, quanto a expectativa de vida saudável (HALE) no sul do país. Para melhorar a expectativa de vida humana, vamos precisar garantir a qualidade de vida ecológica e a estabilidade do clima global.
World health statistics 2024: monitoring health for the SDGs, Sustainable Development Goals. Geneva: World Health Organization; 2024. Disponível aqui.
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A OMS registra queda da expectativa de vida e na expectativa de vida saudável durante a pandemia. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves - Instituto Humanitas Unisinos - IHU