10 Mai 2024
É a esperança que o Papa invoca como dom no Jubileu 2025 para um mundo marcado pelo conflito de armas, morte, destruição, ódio contra o próximo, fome, "dívida ecológica" e baixa taxa de natalidade. A esperança é o bálsamo que Francisco quer derramar sobre as feridas de uma humanidade oprimida pela "brutalidade da violência" ou que se encontra nas garras de um crescimento exponencial da pobreza. "Spes non confundit", a esperança não decepciona, é o título da Bula de proclamação do Jubileu Ordinário entregue na tarde de hoje, 9 de maio, pelo Papa às Igrejas dos cinco continentes durante as primeiras Vésperas da Solenidade da Ascensão. A Bula, dividida em 25 pontos, contém súplicas, propostas, apelos em favor dos presos, dos doentes, dos idosos, dos pobres, dos jovens, e anuncia as novidades de um Ano Santo que terá como tema "Peregrinos de esperança".
A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican News, 09-05-2024.
No documento, o Papa Francisco recorda dois importantes aniversários: a celebração em 2033 dos dois mil anos da Redenção e os 1700 anos do primeiro grande Concílio Ecumênico de Nicéia, que entre outros temas tratou também da definição da data da Páscoa. Ainda hoje, "posições diferentes" impedem a celebração no mesmo dia do "o evento fundante da fé", ressalta, lembrando que, no entanto, "por uma circunstância providencial, isso acontecerá precisamente no ano de 2025".
"Seja isto um apelo a todos os cristãos do Oriente e do Ocidente para darem resolutamente um passo rumo à unidade em torno duma data comum para a Páscoa."
Em meio a essas "grandes etapas", o Papa estabelece que a Porta Santa da Basílica de São Pedro será aberta em 24 de dezembro de 2024.
O Jubileu terminará com o fechamento da Porta Santa da Basílica de São Pedro em 6 de janeiro de 2026.
Francisco espera que "o primeiro sinal de esperança" do Jubileu "se traduza em paz para o mundo, mais uma vez imerso na tragédia da guerra".
"Esquecida dos dramas do passado, a humanidade encontra-se de novo submetida a uma difícil prova que vê muitas populações oprimidas pela brutalidade da violência. Faltará ainda a esses povos algo que não tenham já sofrido? Como é possível que o seu desesperado grito de ajuda não impulsione os responsáveis das Nações a querer pôr fim aos demasiados conflitos regionais, cientes das consequências que daí podem derivar a nível mundial? Será excessivo sonhar que as armas se calem e deixem de difundir destruição e morte?"
Com preocupação, o Papa Francisco observa a "queda na taxa de natalidade" que está sendo registrada em vários países e por vários motivos.
Para os presidiários, respeito, condições dignas, abolição da pena de morte.
Na sequência, Francisco pede "sinais tangíveis de esperança" para os presos. Propõe aos governos "formas de anistia ou de perdão da pena", bem como "percursos de reinserção na comunidade". Acima de tudo, o Papa pede "condições dignas para quem está recluso, respeito pelos direitos humanos e sobretudo a abolição da pena de morte". Para oferecer aos prisioneiros um sinal concreto de proximidade, o próprio Pontífice abrirá uma Porta Santa em uma prisão.
Sinais de esperança também devem ser oferecidos aos doentes, que se encontram em casa ou no hospital: "O cuidado para com eles é um hino à dignidade humana". A esperança também é necessária para os jovens que, com tanta frequência, "veem desmoronar-se os seus sonhos".
Mais uma vez o Papa pede que as expectativas dos migrantes "não sejam frustradas por preconceitos e isolamentos".
Francisco não se esquece, na Bula, dos muitos idosos que "experimentam a solidão e o sentimento de abandono". Também não se esquece dos "bilhões" de pobres que "falta o necessário para viver" e "sofrem a exclusão e a indiferença de muitos".
Outro convite sincero é dirigido às nações mais ricas para que "reconheçam a gravidade de muitas decisões tomadas e estabeleçam o perdão das dívidas dos países que nunca poderão pagá-las".
Na Bula do Jubileu, o Papa convida a olhar para o testemunho dos mártires, pertencentes às diversas tradições cristãs, e expressa o desejo de que durante o Ano Santo esteja presente o aspecto ecumênico.
Francisco também se refere ao sacramento da Penitência e anuncia a continuação do serviço dos Missionários da Misericórdia, estabelecido durante o Jubileu extraordinário.
O Papa dirige "um convite especial" aos fiéis das Igrejas Orientais que "tanto sofreram, muitas vezes até à morte, pela sua fidelidade a Cristo e à Igreja". Esses irmãos devem se sentir "particularmente bem-vindos a Roma, que também é Mãe para eles e conserva tantas memórias da sua presença". O acolhimento também para os irmãos e irmãs ortodoxos que já estão vivendo "a peregrinação da Via-Sacra, sendo muitas vezes obrigados a deixar as suas terras de origem, as suas terras santas, donde a violência e a instabilidade os expulsam rumo a países mais seguros".
Francisco também convida os "peregrinos que vierem a Roma" a rezar nos santuários marianos da cidade para invocar a proteção de Maria, de modo a "experimentar a proximidade da mais afetuosa das mães, que nunca abandona os seus filhos".
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O sonho do Papa para o Jubileu: silenciar as armas e abolir a pena de morte e perdoar as dívidas dos pobres - Instituto Humanitas Unisinos - IHU