29 Abril 2024
De todo o plástico hoje existente no mundo apenas 10% são reciclados, e uma quantidade enorme sequer é reciclável, revelou a diretora executiva da organização brasileira ACT Promoção da Saúde, Paula Johns, em entrevista para o portal da ONU News. Plásticos estão contaminando desde o topo da montanha mais alta do mundo até o ponto mais fundo do oceano, apontou.
A reportagem é de Edelberto Behs.
Paula acompanhou a reunião do Comitê Intergovernamental de Negociação pelo fim da poluição plástica, reunida semana passada em Ottawa, no Canadá. Ela ficou surpresa com o aumento de 40% da representação das indústrias no evento em relação à última rodada de negociações, maior que a presença de cientistas. Destacou a preocupação com a ausência de regras claras sobre o conflito de interesses nas negociações.
Audaz, a indústria presente no evento colocou outdoors nas ruas de Ottawa alegando que o plástico é o herói da Covid-19. “Olha, esse plástico salva vidas”, diziam os informes publicitários mostrando a imagem de uma pessoa com respiratório. “É uma coisa que eu diria até ofensiva com os profissionais da saúde que morreram na linha de frente, lidando com a pandemia”, avaliou.
Indagou, então, se “a gente tem respostas da sociedade civil sobre todos os plásticos, quantas vidas estão ceifando? O quanto eles estão contaminando a comida que a gente come, o ar que a gente respira, os rios, os mares?”
A diretora da ACT Promoção da Saúde teme que a presença maior da indústria nas negociações represente “um grande risco” para o avanço do acordo sobre metas claras para a redução de produção de plástico e tenha como foco apenas a gestão do lixo gerado.
Ela defende medidas regulatórias, como o fim dos subsídios para a produção de plásticos e a tributação dos produtos de consumo. Entende que as políticas de gerenciamento da poluição não são suficientes, pois a produção dobrou de volume.
Depois da rodada de Ottawa, informa a ONU News, o Comitê Intergovernamental de Negociação do tratado internacional sobre poluição plástica se reunirá em Busan, na República da Coreia, a partir de 25 de novembro próximo. Essa será a etapa final da negociação, que será seguida por uma conferência diplomática quando os chefes de Estado deverão assinar o acordo.
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Faltam medidas regulatórias para a produção de plástico - Instituto Humanitas Unisinos - IHU