11 Abril 2024
O presidente da Conferência Episcopal Alemã vê na declaração vaticana "uma abertura que vai além do espaço interno católico, o que ajuda no diálogo em uma sociedade pós-secular", na qual está inserida "uma ordem moral natural que não pode ser questionada nem mesmo em suas padronizações detalhadas".
A reportagem é de Jesus Bastante, publicada por Religión Digital, 09-04-2024.
O blog New Ways Ministry acusa o Vaticano de uma "teoria ideológica de gênero e de colonização". Destaca que, ao contrário da declaração, entre os católicos já existem pessoas que "chegaram a conhecer, aceitar e amar pessoas com identidades de gênero diferentes".
Dignitas Infinita é um estímulo para todos aqueles que defendem o respeito à dignidade humana e aos direitos humanos fundamentais dela derivados. Quem fala assim é nada mais, nada menos que o presidente do episcopado alemão, Dom Georg Bätzing, que valoriza que "num mundo onde a dignidade humana é desrespeitada, minada, erodida e relativizada de muitas maneiras diariamente", o documento do Dicastério para a Doutrina da Fé "destaca a indispensável, inviolável e irredutível dignidade da pessoa humana".
Em uma declaração divulgada pelo Katolisch.de, o bispo de Limburgo vê na declaração "uma abertura que ultrapassa o espaço interno católico, o que ajuda no diálogo em uma sociedade pós-secular", na qual está inserido "um ordenamento moral natural que não pode ser questionado nem mesmo em suas padronizações detalhadas".
Quanto ao conteúdo, Bätzing valoriza a "lista heterogênea de temas" tratados no documento, nos quais as posições podem ser contrárias. "No entanto, a natureza da declaração como uma visão geral da linha argumentativa relevante aconselha não redigir normas individuais detalhadas até o último ponto", como é o caso dos abusos sexuais. É uma declaração "louvável em muitos aspectos e rica em perspectiva", acrescenta o prelado.
Por outro lado, o teólogo moral Stephan Goertz argumenta que Dignitas Infinita usa o conceito de dignidade humana de forma complexa, ao mesmo tempo que fica "incomodado" com a posição vaticana em relação à teoria de gênero, a qual a Igreja vê como uma luta cultural. "Com relação à própria sexualidade, as pessoas são obrigadas a se ajustarem ao estreitamento dos chamados valores tradicionais, o que significa que as reivindicações de direitos humanos das minorias sexuais não são consideradas dignas de apreço", observa o moralista de Maguncia.
Ao mesmo tempo, denuncia como o texto "ignora o sofrimento e os legítimos interesses das pessoas trans", ou uma maior defesa dos sistemas democráticos e constitucionais.
Por fim, a teóloga dogmática de Bochum, Gunda Werner, lamenta que a declaração "invoca os direitos humanos a partir de uma organização que ainda não os ratificou para si mesma. Em muitos aspectos, a declaração simplesmente não é honesta". Ao mesmo tempo, Werner sente falta de "uma autorreflexão sobre o próprio conceito de dignidade da Igreja".
Por sua vez, a associação americana New Ways Ministry, que faz campanha em favor da comunidade LGBTQI+ na Igreja, rejeitou o documento, que "falha de forma chocante" ao conceder às pessoas transgênero e não binárias uma dignidade humana limitada, em vez de infinita, conforme comunicado emitido na segunda-feira. Assim, a organização denuncia uma "teologia desatualizada do essencialismo de gênero" e a ignorância dos autores em relação aos fatos antropológicos.
O New Ways Ministry acusa o Vaticano de uma "teoria ideológica de gênero e de colonização". Destaca que, contrariamente à declaração, entre os católicos já existem pessoas que "chegaram a conhecer, aceitar e amar pessoas com identidades de gênero diferentes".
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Bätzing aplaude Dignitas Infinita: “É um incentivo para quem defende o respeito pela dignidade humana” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU