- A data é 22 de março, e não por acaso. Nesse dia, Sexta-feira das Dores, a Igreja latino-americana convocou um Dia Continental de Oração com o lema "Todos com o Haiti" diante da situação que o país enfrenta há vários anos, em deterioração desde o terremoto que o devastou há mais de uma década, e onde a violência das gangues armadas tem prevalecido diante da indiferença da comunidade internacional.
- "Neste tempo de Quaresma, o rosto de Cristo sofredor está nos mais de 3 milhões de crianças que precisam de ajuda humanitária, nos 362.000 deslocados internos, em mais da metade da população que vive abaixo da linha da pobreza e com uma expectativa de vida que mal ultrapassa os 64 anos; naqueles que perderam seus familiares e amigos vítimas da violência; nas mulheres que sofrem diariamente a violação de seus direitos elementares", destaca o texto.
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 18-03-2024.
A data é 22 de março, e não por acaso. Nesse dia, Sexta-feira das Dores, a Igreja latino-americana convocou um Dia Continental de Oração com o lema "Todos com o Haiti" diante da situação que o país enfrenta há vários anos, em deterioração desde o terremoto que o devastou há mais de uma década, e onde a violência das gangues armadas tem prevalecido diante da indiferença da comunidade internacional, à qual, precisamente, o Papa Francisco tem apelado em seus últimos Angelus para que se envolva mais.
"Há muito tempo o povo do Haiti tem sofrido muito. Nas últimas semanas, a situação social e humanitária tem se agravado extremamente. Estamos conscientes de que isso é fruto de múltiplos fatores e de uma história complexa, mas não podemos deixar de nos tornar próximos", afirma o comunicado conjunto do CELAM, da CLAR e das Caritas da América Latina e do Caribe.
"Neste tempo de Quaresma, o rosto de Cristo sofredor está nos mais de 3 milhões de crianças que precisam de ajuda humanitária, nos 362.000 deslocados internos, em mais da metade da população que vive abaixo da linha da pobreza e com uma expectativa de vida que mal ultrapassa os 64 anos; naqueles que perderam seus familiares e amigos vítimas da violência; nas mulheres que sofrem diariamente a violação de seus direitos elementares e naqueles que não têm as condições mínimas para viver dignamente", destaca também o texto, que afirma também que "nunca podemos permanecer indiferentes diante do sofrimento de todo um povo que é parte do nosso povo latino-americano e caribenho. É parte da nossa história. É parte da nossa Igreja".
Convencidos "do poder da oração", o Conselho Episcopal Latino-americano, a Confederação Latino-americana de Religiosos e Religiosas e as Cáritas regionais convidam "a que em 22 de março dediquemos um dia de oração pelo povo do Haiti".
Unir-se ao clamor dos haitianos
Continua o comunicado: "Naquele dia em muitas comunidades ainda se celebra a Sexta-feira das Dores ou 'Maria aos pés da cruz'. É a Virgem associada às dores de seu Filho. É Maria aflita hoje por seu Filho no rosto do povo haitiano crucificado pela miséria e pela violência. A ela, mãe de ternura e misericórdia, queremos pedir sua intercessão para que o Senhor abra os caminhos, disponha os corações, mova as vontades, para que nossos irmãos possam logo desfrutar de uma Vida plena".
Por isso, convidam a unir-se "ao clamor do povo haitiano para que essa voz seja ouvida na terra e no céu, confiando na misericórdia de Deus e na compaixão por seus filhos", e destacam que "também é importante tornar visível essa situação para despertar a atenção sobre sua gravidade e dramaticidade".
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