Plásticos têm 3.000 produtos químicos a mais que o estimado, mostra estudo

Foto: tanvi sharma /Unsplash

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16 Março 2024

O número é impressionante: são 16.000 produtos químicos plásticos, dos quais pelo menos 4.200 considerados “altamente perigosos” para a saúde humana e o meio ambiente.

A reportagem é publicada por ClimaInfo, 15-03-2024.

“A vida no plástico, é fantástica!”, diz “Barbie Girl”, música pop lançada em 1997 pelo grupo nórdico Aqua que fez sucesso nas pistas de dança da época. O verso é mencionado pela CNN, não para exaltar a “vida no plástico”, mas justamente o contrário. Afinal, os plásticos e os produtos químicos usados para fabricá-los têm sido cada vez mais associados a numerosos danos à saúde humana e ao meio ambiente. E com novos produtos chegando ao mercado o tempo todo, tem sido difícil para reguladores e formuladores de políticas determinar a extensão do problema.

O relatório PlasticChem, lançado na 5ª feira (14/3) pelo projeto de mesmo nome, tenta resolver essa lacuna. Pela primeira vez, pesquisadores reuniram dados científicos e regulatórios para desenvolver um banco de dados de todos os produtos químicos conhecidos usados na produção de plásticos. E o número impressiona: 16.000 produtos químicos plásticos, dos quais pelo menos 4.200 são considerados “altamente perigosos” para a saúde humana e o meio ambiente, dizem os autores.

“Apenas 980 desses produtos químicos altamente perigosos foram regulamentados por agências ao redor do mundo, deixando-nos com 3.600 produtos químicos não regulamentados. E estes são apenas os produtos químicos conhecidos,” disse Martin Wagner, primeiro autor e líder do projeto.

Anteriormente, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) havia identificado cerca de 13.000 produtos químicos plásticos, informa a Reuters. Portanto, o documento PlasticChem apresenta mais 3.000 produtos químicos presentes nos plásticos – desde embalagens de alimentos a brinquedos e dispositivos médicos – do que o estimado anteriormente pelas agências ambientais.

A divulgação do relatório ocorre num momento em que os governos dos países de todo o mundo debatem, sem acordo até o momento, a elaboração do primeiro tratado global para combater a crescente poluição plástica. Todos os anos, cerca de 400 milhões de toneladas de resíduos plásticos são produzidos.

“Para resolver de forma robusta a poluição por plásticos é preciso realmente olhar para o ciclo de vida completo dos plásticos e abordar a questão dos produtos químicos”, disse a coautora do relatório, Jane Muncke, diretora-gerente do Fórum Suíço de Embalagens de Alimentos.

Importante destacar também os impactos dos plásticos ao clima. Uma das desculpas usadas por petroleiras e petroestados para manter a produção de petróleo é seu uso como matéria-prima para esses produtos. O que não contam é que quase metade deles é incinerada, gerando mais CO₂ e agravando as mudanças climáticas. Outra parte acaba em aterros sanitários, onde sua decomposição também gera metano. O reuso e a reciclagem desse material representam menos de 5% da produção total, e a indústria sempre soube dessa limitação, mas fez questão de omiti-la dos consumidores.

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