28 Fevereiro 2024
Os avanços notáveis recentes da inteligência artificial generativa ocorreram a um alto custo em termos de consumo de energia e de água nos centros de dados (data centers).
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 27-02-2024.
Há pouco mais de um ano, o ChatGPT causou um terremoto na internet ao mostrar como a inteligência artificial (IA) pode ser aplicada a diversas áreas com um grau de qualidade que, até poucos anos atrás, era impensável. Dos textos às imagens, e agora aos vídeos, um universo de possibilidades de uso da IA se abriu.
Esse “admirável mundo novo”, no entanto, tem pelo menos um problema bastante antigo: o alto consumo de energia e de água nos data centers que alimentam essa operação. À medida que as empresas de tecnologia estão embarcando entusiasmadas na era da IA, a pegada de carbono e de água do setor aumenta a um ritmo que pode eliminar qualquer vantagem que essas ferramentas possam trazer aos consumidores em termos de consumo energético e hídrico menor em seu dia a dia.
As empresas começam a olhar para esse problema, junto com reguladores governamentais e setoriais. Um exemplo disso é o esforço da Organização Internacional de Normalização (ISO) para desenvolver critérios para a “IA sustentável” ainda neste ano. Segundo a Yale Environment 360, as novas regras da ISO contemplarão normas para medir a eficiência energética, a utilização de matérias-primas, o transporte e o consumo de água, bem como práticas para reduzir os impactos da IA ao longo do seu ciclo de vida, desde a extração de materiais para fabricação dos equipamentos até a eletricidade consumida em sua operação.
Outra iniciativa recente, destacada pela Bloomberg, é um software desenvolvido pelo Google que procura eletricidade limpa em partes do mundo com excesso de sol e vento na rede e, a partir dessas informações, redireciona o uso para os data centers localizados nessas regiões.
De fato, a popularização da IA deve intensificar o consumo de energia nos data centers. Uma estimativa da Agência Internacional de Energia prevê que o consumo de eletricidade nos data centers em 2026 será o dobro daquele registrado em 2022 – ou seja, chegará a 1.000 terawatts, aproximadamente o equivalente ao consumo total anual do Japão.
A escalada no consumo de água também preocupa. Uma análise de pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Riverside, EUA, destacada pelo Financial Times, calculou que o uso mais intensivo da IA aumentaria a captação de água de fontes subterrâneas ou superficiais para entre 4,2 e 6,6 bilhões de metros cúbicos até 2027. Isso representa cerca de metade da quantidade de água consumida pelo Reino Unido todos os anos.
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O outro lado da IA: avanços recentes intensificaram consumo de energia e água de data centers - Instituto Humanitas Unisinos - IHU