18 Dezembro 2023
Enzo Bianchi, o fundador da comunidade de Bose, obrigado em 2020 a se afastar da sua própria criatura com um decreto especificamente aprovado pelo Pontífice, na manhã de sábado foi recebido de braços abertos pelo Papa Francisco numa audiência oficial no Palácio Apostólico.
A reportagem é de Alex Corlazzoli, publicada por Il Fatto Quotidiano, 17-12-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Às dez horas, o monge e escritor octogenário, acompanhado por Goffredo Boselli, um dos irmãos que foram obrigados a abandonar Bose, sentou-se ao lado de Bergoglio, que foi "cordial e sempre afetuoso", como o próprio Bianchi relatou ao Il Fatto Quotidiano, logo após o encontro.
Um encontro que fala por si: o Santo Padre quis falar com o padre Enzo de forma oficial, tanto que o encontro consta na lista de audiências, publicada pela Sala de Imprensa do Vaticano; ele não foi sozinho, mas quis que Boselli também estivesse com eles, que nos tempos das tensões acabou no olho do furacão com outro irmão e uma irmã, e também programou tudo para antes do Natal.
“O Papa Francisco – confidencia Enzo Bianchi ao Il Fatto Quotidiano – está sempre muito atento ao que eu escrevo. Ele me encorajou a seguir em frente com confiança. Ele está perto de mim." Palavras que soam como uma bênção à aposta que Bianchi ousou ao dar vida, em setembro passado, à Casa da Mídia uma nova fraternidade cristã, localizada em Albiano, a pouca distância de onde residiu até sua morte Monsenhor Luigi Bettazzi, mas também a poucos quilômetros de Bose.
Precisamente nessa realidade, já visitada nos últimos meses por centenas de pessoas entre as quais o filósofo Massimo Cacciari, voltaram a viver juntos com outros cinco irmãos e irmãs, duas das pessoas que haviam sido obrigadas com o padre Bianchi a deixar Bose, continuando, como explica o padre Enzo, “a tentar viver o Evangelho na vida comum como simples leigos”.
O Papa e o padre Bianchi também discutiram com parrésia o que aconteceu em Bose em 2019/20, comentando reciprocamente os fatos. Um retorno sobre os seus passos - segundo muitos entendidos - por parte de Bergoglio que na época teria confiado cegamente na escolha do Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, de enviar à comunidade piemontesa o psicoterapeuta padre Amedeo Cencini, como delegado pontifício com poderes absolutos.
Uma presença, aquela do canossiano, que criou muitas tensões dentro da fraternidade Bose, tanto que muitos monges e monjas, depois da "intervenção" da comunidade, abandonaram sua escolha de vida.
Um gesto notável do Pontífice, se considerarmos que o próprio Parolin escreveu em janeiro de 2022 uma carta aos bispos italianos na qual dizia: “Avaliem se seria oportuno confiar a Enzo Bianchi a pregação e a formação do clérigos, religiosos e leigos”.
De fato, desde então, apesar da tentativa de parte do Vaticano de isolar o idoso monge, hoje frequentemente no hospital para tratamento terapêutico (há poucos dias no "X" escreveu: "Nos últimos meses fui internado no hospital quatro vezes e isso por uma infecção na ferida da operação. Continuo convencido de que a dor é insensata, é apenas sofrimento inútil, mas sofrer com os outros leva à compaixão, à atenção e ao cuidado de quem sofre"), alguns bispos e muitos amigos de Bianchi continuaram a demonstrar a ele e aos irmãos e irmãs que o seguiram, proximidade e estima, convidando-o para conferências em toda a Itália e frequentando as fraternidades fundadas por ele.
Negli ultimi mesi sono stato ricoverato in ospedale 4 volte e questa
— enzo bianchi (@enzobianchi7) November 30, 2023
per una infezione alla ferita dell’intervento. Resto convinto che il dolore è insensato, è solo sofferenza inutile ma il soffrire con gli altri porta alla compassione, all’attenzione e alla cura di chi soffre. pic.twitter.com/7lGky0Pl6L
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O Papa Francisco recebe em audiência o ex-prior de Bose, Enzo Bianchi: “Ele me encorajou a seguir em frente” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU