28 Novembro 2023
A década de 1960 foi marcada por inúmeros eventos significativos, incluindo a morte de vários gigantes religiosos, políticos e literários carismáticos.
A reportagem é de Chris McDonnell, publicada em La Croix International, 25-11-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Tendemos a dividir períodos de tempo em décadas e identificá-los por alguma característica definidora. Dependendo da nossa idade (e da nossa memória), bastam algumas dicas para que uma década seja nomeada, sejam elas pessoas ou eventos.
O presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy foi baleado e morto em uma carreata na Dealey Plaza, na cidade de Dallas, Texas, em 22 de novembro de 1963, há já 60 anos. Com aquele tiro fatal, morreu um sonho resumido neste desafio que JFK lançou em sua posse:
“Que a partir deste tempo e deste lugar se espalhe a notícia, tanto para amigos quanto para inimigos, de que a tocha foi passada para uma nova geração de americanos – nascidos neste século, temperados pela guerra, disciplinados por uma paz dura e amarga, orgulhosos da nossa herança antiga. (...) Não pergunto o que o seu país pode fazer por você, mas sim o que você pode fazer pelo seu país.”
No mesmo dia da morte do presidente Kennedy, morreram outros dois homens, ambos romancistas – C.S. Lewis e Aldous Huxley. Lewis, que escreveu livros infantis para adultos, era perspicaz sobre a nossa condição humana. Ele observou isso em seu livro de 1940 intitulado “O problema da dor” [Ed. Thomas Nelson Brasil, 2021]:
“A dor mental é menos dramática que a dor física, mas é mais comum e também mais difícil de suportar. A tentativa frequente de esconder a dor mental aumenta o fardo: é mais fácil dizer ‘Meu dente está doendo’ do que dizer ‘Meu coração está partido’.”
Huxley previu um padrão diferente da existência humana, de uniformidade e controle. Em seu romance “Admirável Mundo Novo”, publicado em 1932, ele escreveu sobre uma sociedade controlada e conformada, dividida em cinco castas de capacidade acadêmica.
Huxley também era um pacifista. Em seu romance “Sem olhos em Gaza”, publicado pela primeira vez em 1936, ele escreveu: “Aqueles que defendem a guerra inventaram um vocabulário de abstrações que soa agradável, para descrever o processo do assassinato em massa”.
Três homens diferentes, mas significativos, que morreram no mesmo dia – 22 de novembro de 1963.
O Concílio Vaticano II (1962-1965) foi inaugurado em outubro de 1962. Foi convocado por João XXIII, cujo breve papado conclui-se no início de junho de 1963, apenas algumas semanas depois de ele ter emitido sua encíclica seminal sobre a paz, Pacem in terris.
Embora seu tempo na Sé de Pedro tenha sido curto, as palavras de João ainda são significativas. “Quero abrir as janelas da Igreja para que possamos ver o exterior e as pessoas possam ver o interior”, disse ele.
Com duas questões importantes em ebulição nos Estados Unidos, os direitos civis e a Guerra do Vietnã, o presidente Lyndon B. Johnson sancionou a Lei dos Direitos Civis no início de julho de 1964 e iniciou a acumulação de forças estadunidenses no Vietnã.
Foto da "Marcha Para Washington" na luta pelos direitos civis da população negra nos EUA. (Foto: Unseen Histories | Unsplash)
No início da década, em maio de 1961, o presidente Kennedy, em um discurso ao Congresso, declarou: “Acredito que esta nação deveria se comprometer a alcançar o objetivo, antes do fim desta década, de aterrissar um homem na Lua e devolvê-lo em segurança para a Terra”. Faltando cinco meses para essa data, em julho de 1969, Neil Armstrong e Buzz Aldrin fizeram exatamente isso.
Os anos 1960 marcaram uma década da música e da moda, dos Beatles, dos Rolling Stones, da Carnaby Street e da estilista Mary Quant. A cor e um estilo de vida vivaz substituíram a monotonia dos anos 1950. A década também foi influenciada pelo crescimento de uma cultura da droga, cujas consequências sociais ainda nos acompanham cerca de 60 anos depois.
A década chegou aos seus anos conclusivos com mais três mortes significativas. No início de abril de 1968, chegou a notícia do assassinato de Martin Luther King Jr. na sacada de um hotel em Memphis, Tennessee.
Mais tarde naquele ano, em junho de 1968, o candidato à presidência Robert Kennedy foi assassinado em Los Angeles, Califórnia.
A perda de Thomas Merton em dezembro de 1968 encerrou um ano difícil.
Não é de se admirar que a expressão “anos 1960” tenha se tornado um termo genérico para 10 anos fatídicos.
Concluamos esta breve reflexão sobre uma década significativa com este verso final de uma música de Bob Dylan de 1964:
Come mothers and fathers throughout the land
And don't criticize what you can't understand
Your sons and your daughters are beyond your command
Your old road is rapidly aging
Please get out of the new one if you can't lend your hand
For the times, they are a-changin'.
[Venham, mães e pais de toda a terra,
E não critiquem o que vocês não conseguem entender
Seus filhos e suas filhas estão além de seu comando
Sua velha estrada está envelhecendo rapidamente
Por favor, saiam do novo se vocês não puderem dar sua mão
Pois os tempos estão mudando.]
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Lembrando os anos 1960 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU