Ponto final: toneladas de solidariedade. Artigo de Egydio Schwade

Foto: Ömer Yıldız | Unsplash

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08 Novembro 2023

"E ali sob as lonas, na Encruzilhada Natalino teve início o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra — MST. Estes agricultores começaram a entender a sua situação e sua semelhança com a dos povos indígenas e ficaram seus aliados e aliados de todos os que mundo afora sofrem situações como hoje sofrem os palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordania", escreve Egydio Schwade, membro-fundador do Conselho Indigenista Missionário  Cimi, em artigo publicado por Blog Casa da Cultura do Urubuí, 01-11-2023.

Eis o artigo.

No momento estão a caminho de Gaza 2 toneladas de alimentos doados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST.

Acompanhei intensamente e com grande preocupação em 1978 a expulsão pelo povo Kaingang de centenas de pequenos agricultores da terra que restava aos Kaingang em Nonoai/RS. Desde 1967, via de perto a situação angustiante dos Kaingang no Rio Grande do Sul que perdiam suas últimas nesgas de terra, invadidas por agricultores sem esperança de uma Reforma Agrária que lhes garantisse um chão.

Fui dos poucos da sociedade nacional que soube, com antecedência, do plano do levante dos Kaingang e executado, minuciosamente, procurando evitar derramamento de sangue. Milhares de agricultores foram forçados a deixar Nonoai em poucos dias e não tiveram simplesmente para onde ir. Foram acampar ao longo da estrada, na Encruzilhada Natalino, município de Ronda Alta/RS.

Os governos federal e estadual queriam deportá-los, parte para o Mato Grosso e parte para a Transamazônica. Mas o padre da paróquia de Ronda Alta que os visitava diariamente, insistia que permanecessem no Rio Grande do Sul e exigissem terra no estado. E havia terras disponíveis e já desapropriadas para fins de Reforma Agrária: as fazendas Anoni e Sarandi, por exemplo.

E ali sob as lonas, na Encruzilhada Natalino teve início o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra — MST. Estes agricultores começaram a entender a sua situação e sua semelhança com a dos povos indígenas e ficaram seus aliados e aliados de todos os que mundo afora sofrem situações como hoje sofrem os palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordania.

O governo colonialista inglês, com certeza teve em 1948 na amplidão de suas colônias, espaço suficiente para destinar ao povo judeu, por que preferiu a injustiça expulsando 750.000 pobres palestinos de suas terras, único bem de suas vidas e milenarmente trabalhado?

Se o povo israelense deseja a paz, destrua os muros que o separam do povo palestino. Organize com este povo vizinho este chão. Forme um só país, sem etnocentrismo, sem preconceito, sem a pretensão de ser o “povo eleito” com “direito” a destruir os vizinhos e se apossar de solo milenarmente palestino. Israel possui uma experiência rica, mundialmente conhecida, os “kibutz”, que partilhada com os palestinos, pode servir como início de um diálogo fraterno em torno da terra. Integre nos kibutz os seus irmãos palestinos. Abandone a construção do ódio que aprendeu de seus criadores, ingleses e americanos. Como o MST com os seus assentamentos, assim Israel com os seus kibutz, estará em condições de exportar não mais armas de morte, espalhando o ódio, mas alegria, abundancia e felicidade: toneladas de solidariedade para favelados e necessitados mundo afora.

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