“Não estamos vendendo um produto maligno”, diz CEO da petroleira Chevron

Mike Wirth, CEO da Chevron. (Foto: Eric Myer | Chevron)

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27 Outubro 2023

Mike Wirth diz que o petróleo e o gás fóssil mudaram o mundo para melhor. Ignora 7 milhões de pessoas mortas anualmente pelo ar poluído.

A reportagem é publicada por ClimaInfo, 26-10-2023.

Todos os anos, 7 milhões de pessoas morrem no planeta por causa da poluição atmosférica, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A OMS também mostra que 99% da população mundial respira níveis insalubres de partículas finas e dióxido de nitrogênio, e a situação é pior nos países de baixa e média rendas. Boa parte dessa sujeira no ar, como se sabe, é efeito da queima de combustíveis fósseis.

Mas Mike Wirth, CEO da Chevron, uma das maiores petroleiras do mundo, disse que “não estamos vendendo um produto maligno”. Segundo o Financial Times, em matéria reproduzida pela Folha, o executivo falou há algumas semanas que sua companhia está “vendendo um produto que mudou a qualidade de vida neste planeta. Para melhor”. A miséria da Nigéria, um dos maiores produtores de petróleo do mundo e com baixíssimo desenvolvimento humano, e a situação de tantos outros países que enfrentam eventos extremos por causa da crise climática causada pelos combustíveis fósseis que o digam.

Ao menos não se pode acusar Wirth de cinismo. O CEO da Chevron disse que sua empresa buscaria se envolver com os críticos à atividade de exploração e produção de combustíveis fósseis “para fazer parte da solução”. Mas acrescentou: “Isso não pode nos deter do que fazemos”.

Prova disso é que a Chevron anunciou a compra de uma concorrente, a Hess, por US$ 53 bilhões. Segundo o Valor, reproduzindo matéria do Financial Times, o negócio redobra a aposta da petroleira estadunidense de que a demanda por combustíveis fósseis continuará robusta pelas próximas décadas.

Há poucos dias outra big oil dos EUA, a Exxon também anunciou a compra de uma concorrente, a Pioneer Natural Resources, por US$ 59,5 bilhões. Foi a maior fusão promovida pela petroleira desde a aquisição da Mobil, em 1999.

Na 2ª feira (23/10), um grupo de 131 grandes empresas do mundo, que somam receitas de US$ 1 trilhão anuais, pediu aos países que saiam da COP28 data para o fim dos combustíveis fósseis. As companhias sugeriram um limite: 2035 para as nações desenvolvidas, 2040 para as em desenvolvimento.

Mas Chevron e Exxon ignoram a necessidade do planeta. Jogam pesado a favor dos combustíveis fósseis no meio da escalada da crise climática global e do aumento da pressão pela redução da produção e do consumo de petróleo e gás em todo o mundo.

Um negociador ouvido pelo Financial Times, em matéria reproduzida pela Folha, disse que o movimento das petroleiras é “uma corrida armamentista”. Sua expressão se referia à busca pela liderança no setor de combustíveis fósseis. Mas, como o recorde de calor de 2023 comprova, entre tantos outros extremos climáticos já vistos neste ano, trata-se na verdade de uma corrida para ver quem destruirá a Terra primeiro.

A compra da Hess pela Chevron foi noticiada por diversos veículos, como Bloomberg Línea, Estadão, New York Times, AP, CBS, The Guardian, Reuters, Wall Street Journal e Forbes.

Em tempo: As tecnologias de captura e armazenagem de carbono têm sido apontadas pelas petroleiras como “a” solução para que não mexam uma vírgula na sua produção de combustíveis fósseis, embora sejam caras e ainda não tenham eficácia comprovada. Mas, ao que parece, as petroleiras vão ter que botar as barbas de molho. A Occidental Petroleum, dos Estados Unidos, saiu da Century, a maior planta de captura de carbono em operação no mundo, segundo a Bloomberg. A Century extrai CO2 de uma fonte dedicada de emissões, já que é incorporada a uma planta de processamento de gás natural. O processo mais antigo está melhor estabelecido e é muito mais barato do que as máquinas mais recentes construídas para sugar CO2 do ar, nas quais a Occidental está investindo mais de US$ 1 bilhão. Mas a Century falhou consistentemente na entrega de resultados, nunca operou com mais de um terço da sua capacidade nos seus 13 anos de funcionamento e não se sustentou economicamente. Com isso, a petroleira vendeu discretamente o projeto no ano passado, por uma fração do custo de construção.

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